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Ramana Maharshi




A Nossa Verdadeira Identidade

Você quer ver Deus em tudo, mas não em si mesmo? Se tudo é Deus, você não está incluído nesse tudo?

Cada pessoa é o Ser e, na verdade, é infinita. Contudo, cada pessoa interpreta erradamente o seu corpo como sendo o Ser. Para se conhecer alguma coisa, é necessário a iluminação. Isso só pode ser da natureza da luz, no entanto, Ele ilumina tanto a luz física quanto a escuridão física. Ou seja, Ele se situa além da aparente - luz e trevas. Ele mesmo não é nenhuma delas, mas é dito como sendo a luz porque ilumina ambos. Ele é infinito e é Consciência. A consciência é o Ser de que todas as pessoas estão conscientes. Ninguém nunca está longe do Ser e, portanto, todos são de fato auto-realizados, apenas - e esse é o grande mistério - as pessoas não sabem disso e querem realizar o Ser. A realização consiste apenas em acabar com a falsa ideia de que a pessoa não é realizada. Não há nada de novo a ser adquirido. Ela já deve existir, ou não seria eterna, e apenas pelo o que é eterno vale a pena lutar.

Nós identificamos o "eu" com um corpo, nós consideramos o Ser como tendo um corpo, e como tendo limites, e disso vem todos os nossos problemas. Tudo o que temos que fazer é deixar de identificar o ser com o corpo, com formas e limites, e então conheceremos nós mesmo como sendo o Ser que sempre somos.

No momento que você começa a procurar pelo Ser e vai cada vez mais fundo, o Ser real está te esperando lá para te por para dentro. Então o que quer que seja feito é feito por algo mais e você não tem participação nisso. Nesse processo, todas as dúvidas e discussões são abandonadas automaticamente assim como alguém que dorme, por certo tempo, esquece todas as suas preocupações.

Ramana Maharshi

Clique nos títulos abaixo para ter acesso ao texto completo:


A Natureza de Deus

Pergunta: Deus está separado do Ser?

Bhagavan: O Ser é Deus, o "eu sou" é Deus. Essas perguntas surgem porque você está se segurando ao ser-ego. Elas não surgirão se você segurar-se no verdadeiro Ser. Pois o Ser real não irá perguntar e nem pode perguntar o que é absurdo. Somente Deus, que parece ser não-existente, verdadeiramente existe, enquanto que o indivíduo, que parece estar existindo, é sempre não-existente. Os sábios dizem que o estado no qual a pessoa conhece sua própria não-existência (sunya) apenas é o glorioso conhecimento supremo.

Agora você pensa que você é um indivíduo, que existe o universo e que Deus está além do cosmos. Portanto, há a ideia do sentido de separação. Essa ideia deve ir. Pois Deus não está separado de você ou do cosmos. O Gita também diz: "O Ser sou Eu, o Deus do sono, Alojado no coração de cada criatura. Sou o alvorecer e o meio-dia de toda forma, também sou seu destino final". (Bhagavad Gita, X - 20).

Portanto, Deus não apenas está no coração de todos, ele é o suporte de todos, a fonte de todos, a morada e o fim de todos. Tudo procedeu Dele, tem sua estada dele, e finalmente se resolve Nele. Portanto, Ele não está separado.

No que diz respeito à sua localização, Deus não reside em nenhum outro lugar além do Coração. É devido à ilusão criada pelo ego, a ideia "eu sou o corpo", que o reino de Deus é concebido como estando em outra parte. Esteja certo que o Coração é o reino de Deus.

A Realização Existe Aqui e Agora

Uma vez que a falsa noção "Eu sou o corpo" ou "eu não sou realizado" foi retirada, a Suprema Consciência ou o Ser permanece sozinho, e em seu estado atual de conhecimento as pessoas chamam isso de "Realização". Mas a verdade é que a Realização é eterna e já existe, aqui e agora. A consciência é puro conhecimento. A mente surge dela e é composta de pensamentos. A essência da mente é apenas ciência ou consciência. No entanto, quando o ego a anuvia, ela funciona como raciocínio, pensar ou perceber. A mente universal, não sendo limitada pelo ego, não tem nada fora de si própria e, portanto, está apenas ciente. Isso é o que a Bíblia entende por "Eu sou o que sou".

Descubra o Eu

Perguntar "Quem sou eu?" significa realmente tentar descobrir a fonte do ego ou do pensamento-"eu". Não é para você pensar em outras coisas, como "eu não sou o corpo". Buscar a fonte do "eu" serve como um meio de se livrar de todos os outros pensamentos. Não deveríamos dar escopo para outros pensamentos, tais como os que você mencionou, mas devemos manter a atenção fixada em descobrir a fonte do pensamento-"eu" ao questionar, conforme cada pensamento que surge, para quem o pensamento surge. Se a resposta for "eu tenho o pensamento" continue a inquirição perguntando "quem é esse 'eu' e qual é a sua fonte?"

A escritura não tem a intenção de fazer você pensar "eu sou brahman". Aham ("eu") é conhecido por todo mundo. Brahman habita como aham em todos. Descubra o "eu". O eu já é Brahman. Você não precisa pensar isso. Simplesmente encontre o "eu".

O Ser real é o "eu" infinito. Esse "Eu" é a perfeição. É eterno. Não tem origem e nem fim. O outro "eu" nasce e também morre. Ele é impermanente. Veja a quem os pensamentos cambiantes pertencem. Será descoberto que eles surgem após o pensamento-"eu". Segure o pensamento-"eu" e eles irão retroceder. Trace de volta para a origem do pensamento-"eu". O Ser apenas irá sobrar.

Na pergunta "quem sou eu?", o "eu" refere-se ao ego. Ao tentar traçá-lo e encontrar a fonte dele, vemos que ele não tem existência separada, mas funde-se no "eu" real.

Investigação de Si

Qualquer forma que sua investigação vier a tomar, você deve finalmente chegar ao "eu" uno, o Ser. Todas essas distinções feitas entre "eu" e "você", mestre e discípulo, são apenas um sinal de ignorância. Apenas o "Eu" Supremo é. Pensar o contrário é enganar a si mesmo. Portanto, uma vez que seu objetivo é transcender aqui e agora estas superficialidades da existência física através da auto-investigação, onde está o mérito de fazer distinções de "você" e "eu", que dizem respeito apenas ao corpo? Quando você volta à mente para dentro, buscando a fonte do pensamento, onde está o "você" e o "eu"? Você deve procurar e deve ser o Ser que inclui tudo.

Manifestação do Supremo

A realidade deve ser sempre real. Ela não tem nomes ou formas, mas é ela que constitui a base das formas e nomes. Ela está dando base a todas as limitações, sendo ela própria ilimitada. Não é limitada de forma nenhuma. Ela dá base às irrealidades, sendo ela própria Real. Ela é aquilo que é. Ela é como é. Transcende o discurso e está além de descrição, tal como presença ou a ausência do Ser.

Você vê várias cenas passando na tela de um cinema: o fogo parece queimar edifícios até reduzi-los a cinzas; a água parece naufragar navios, mas a tela em que as imagens são projetadas permanece sem ser queimada e seca. Por quê? Porque as imagens são irreais e a tela é real. Do mesmo modo, reflexos passam diante de um espelho, mas esse não é afetado de maneira nenhuma pelo número ou pela qualidade dos reflexos.

É a ilusão que faz a pessoa tomar por inexistente e irreal, aquilo que está sempre presente e que penetra tudo, que é cheio de perfeição e auto-luminoso e que é, de fato, o Ser e o núcleo do próprio Ser da pessoa. Inversamente, é a ilusão que faz a pessoa considerar como real e auto-existente o que é inexistente e irreal, ou seja, a trilogia - o mundo, o ego e Deus. Para aqueles que não realizaram o Ser, bem como para aqueles que realizaram, o mundo é real. Mas, para os primeiros, a verdade é adaptada à forma do mundo, enquanto que para os últimos a Verdade brilha como a Perfeição sem forma e como o substrato do mundo. Esta é a única diferença entre eles.

O mundo é irreal como mundo, mas real como o Ser. Se você considerar o mundo como não sendo o Ser, ele não é real. Tudo, você chamando-o de ilusão (Maya) ou de Jogo Divino (Leela) ou Energia (Shakti) deve estar dentro do Ser e não aparte dele.

O Caminho Direto

Você quer ver Deus em tudo, mas não em si mesmo? Se tudo é Deus, você não está incluído nesse tudo?

Ver Deus é ser Deus. Não existe o "tudo" aparte de Deus para ele permear. Apenas Ele existe.

Deus é necessário para a prática espiritual (sadhana). Mas mesmo no caminho da devoção, o fim do Sadhana é atingido apenas após a completa rendição. O que isso significa exceto que o apagamento do ego resulta no Ser ficando como ele sempre foi? Em qualquer caminho que for escolhido, o "eu" é inescapável, o "eu" que realiza ações altruístas (nishkama karma), o "eu" que anseia por se unir com o Senhor do qual ele sente estar separado, o "eu" que sente que se afastou da sua natureza real, e assim por diante. A fonte desse "eu" precisa ser descoberta. Então todas as questões serão resolvidas.

O Propósito

Em certo sentido, falar da auto-realização é uma ilusão. É só porque as pessoas têm estado sob a ilusão de que o não-ser é o Ser e o irreal é o Real, que elas têm que ser tiradas disso por meio de outra ilusão chamada auto-realização; porque, na realidade, o Ser é sempre o Ser e não existe tal coisa como realizar o Ser. Quem é para realizar o que, e como, quando tudo o que existe é o Ser e nada mais que o Ser (Self)?

Você é o Ser mesmo agora, mas você confunde sua atual consciência ou o seu ego, com a Consciência Absoluta, ou, o Ser (Self). Essa falsa identificação é devida à ignorância, e a ignorância desaparece juntamente com o ego.

A Realização já existe, nenhuma tentativa precisa ser feita para tentar alcançá-la. Por que ela não é nada, novo ou externo a ser adquirido. É sempre e em toda parte - aqui e agora, também.

Qual é o maior benefício que pode ser atribuído a você? É a felicidade, e a felicidade é nascida da paz. A paz só pode reinar onde não haja perturbação, e a perturbação se deve aos pensamentos que surgem na mente. Quando a própria mente estiver ausente, haverá perfeita paz. A menos que a pessoa tenha aniquilado a mente, ela não pode ganhar a paz e ser feliz.

O Ser Transcende o Intelecto

É como um filme no cinema. Há a luz na tela e as sombras que passam rapidamente impressionam a audiência, a forma de uma atuação de alguma peça. Similarmente, será também assim se na mesma representação o público também for mostrado. Aquele que vê e aquilo que é visto estarão então apenas na tela. Aplique isso a você mesmo.

Meditação e Autoinquirição

Aquele que se engaja na investigação (autoinquirição) começa mantendo-se em si mesmo, e perguntando a si mesmo "Quem sou eu?", então o Ser (o Si mesmo real) torna-se claro para ele.

Introdução






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A Natureza de Deus - Ramana Maharshi


A Existência é o Ser

Pergunta: Deus é descrito como manifesto e não-manifesto. No primeiro caso Ele é dito incluir o mundo como parte de Seu Ser. Se for assim, nós como parte deste mundo, deveríamos facilmente tê-Lo conhecido na forma manifesta.

Bhagavan: Conheça a si mesmo antes de procurar decidir sobre a natureza de Deus e do mundo.

Pergunta: Conhecer a mim mesmo implica em conhecer a Deus?

Bhagavan: Sim, Deus está dentro de você.

Pergunta: Então, o que se coloca no meu caminho de conhecer a mim mesmo ou conhecer Deus?

Bhagavan: Sua mente errante e seus modos pervertidos.

Pergunta: Deus é pessoal?

Bhagavan: Sim, ele é sempre a primeira pessoa, o Eu, permanecendo sempre diante de você. Por você dar precedência às coisas mundanas, Deus parece ter recedido para o pano de fundo. Se você abandonar tudo e buscar Ele apenas, Ele apenas irá permanecer como o "Eu", o Ser.

Pergunta: Deus está separado do Ser?

Bhagavan: O Ser é Deus, o "eu sou" é Deus. Essas perguntas surgem porque você está se segurando ao ser-ego. Elas não surgirão se você segurar-se no verdadeiro Ser. Pois o Ser real não irá perguntar e nem pode perguntar o que é absurdo. Somente Deus, que parece ser não-existente, verdadeiramente existe, enquanto que o indivíduo, que parece estar existindo, é sempre não-existente. Os sábios dizem que o estado no qual a pessoa conhece sua própria não-existência (sunya) apenas é o glorioso conhecimento supremo.

Agora você pensa que você é um indivíduo, que existe o universo e que Deus está além do cosmos. Portanto, há a ideia do sentido de separação. Essa ideia deve ir. Pois Deus não está separado de você ou do cosmos. O Gita também diz: "O Ser sou Eu, o Deus do sono, Alojado no coração de cada criatura. Sou o alvorecer e o meio-dia de toda forma, também sou seu destino final". (Bhagavad Gita, X - 20).

Portanto, Deus não apenas está no coração de todos, ele é o suporte de todos, a fonte de todos, a morada e o fim de todos. Tudo procedeu Dele, tem sua estada dele, e finalmente se resolve Nele. Portanto, Ele não está separado.

Pergunta: Como devemos entender esta passagem do Gita: "Todo este Cosmos forma uma partícula de mim"?

Bhagavan: Isso não significa que uma pequena partícula de Deus se separa Dele e forma o universo. Seu poder (Shakti) está agindo. Como resultado de uma fase dessa atividade o cosmos tornou-se manifesto. Similarmente, a afirmação no Purusha Sukta, "Todos os seres formam um pé Dele", não significa que Brahman está dividido em várias partes.

Pergunta: Entendo, Brahman certamente não é divisível.

Bhagavan: Portanto, o fato é que Brahman é tudo e permanece indivisível. Está sempre realizado, mas o homem não está ciente disso. Ele deve chegar, a saber, disso. Conhecimento significa vencer os obstáculos que obstruem a revelação da eterna verdade que - o Ser é o mesmo que Brahman. Os obstáculos tomados juntos formam a sua ideia de separatividade como um indivíduo.

Pergunta: Deus é o mesmo que o Ser?

Bhagavan: O Ser é conhecido por todo mundo, mas não claramente. Você sempre existe. A existência é o Ser. O "eu sou" é o nome de Deus. De todas as definições de Deus, nenhuma, de fato, é tão bem colocada quanto a afirmação Bíblica "Eu sou aquele Eu sou" no Êxodo 3. Existem outras afirmações, como no Brahmaivaham (Brahman sou Eu), Aham Brahmasmi (Eu sou Brahman) e soham (Eu sou Ele). Mas nenhuma é tão direta como o nome de Jeová que significa "eu sou". O Ser absoluto é o que é. Ele é o Ser. É Deus. Ao conhecer o Ser, Deus é conhecido. De fato, Deus não é nada além do que o Ser.

Pergunta: Deus é conhecido por muitos nomes diferentes. Algum deles é justificado?

Bhagavan: Dentre os milhares de nomes de Deus, nenhum nome se adéqua a Deus - o qual reside no Coração, desprovido de pensamento - tão verdadeira e lindamente quanto o nome "Eu" ou "eu sou". De todos os nomes conhecidos de Deus, o nome de Deus "eu" - "eu" apenas ressoará triunfante quando o ego for destruído, emergindo como a suprema palavra silenciosa (mouna-para-vak) no espaço do Coração daqueles cuja atenção está direcionada para a tutela do Ser. Mesmo se a pessoa meditar incessantemente no nome "eu-eu" com sua atenção no sentimento "eu", isso levará a pessoa e a submergirá na fonte da qual o pensamento surge, destruindo o ego, o embrião, que está unido ao corpo.

Pergunta: Qual é a relação entre Deu e o mundo? Ele é o criador ou o sustentador dele?

Bhagavan: Os seres sencientes ou não sencientes de todos os tipos estão realizando ações apenas pela mera presença do sol, que nasce no céu sem nenhuma volição. Similarmente, todas as ações são feitas pelo Senhor sem nenhuma volição ou desejo da parte Dele. Na mera presença do sol, as magníficas lentes emitem fogo, a flor de lótus desabrocha, a flor-de-lis se fecha e todas as incontáveis criaturas realizam ações e descansam.

A ordem da grande multidão de mundos é mantida pela mera presença de Deus da mesma maneira que a agulha se move diante de um imã, e a selenite emite água, a flor-de-lis desabrocha, e o lótus se fecha diante da lua.

Na mera presença de Deus, que não tem a mínima volição, os seres vivos, que estão engajados em inúmeras atividades, após embarcarem em muitos caminhos para os quais são atraídos de acordo com o curso determinado por seus próprios karmas, finalmente realizam a futilidade da ação, voltam-se para o Ser e atingem a liberação.

As ações dos seres vivos não chegam ou afetam a Deus, o qual transcende a mente, da mesma maneira que as atividades do mundo não afetam o sol, e as qualidades dos quatro elementos conspícuos (terra, água, fogo e ar) não afetam o espaço sem limites.

Pergunta: Por que samsara (a criação e a manifestação como fintas) é tão cheia de mal e tristeza?

Bhagavan: É a vontade de Deus!

Pergunta: Por que Deus quer que seja assim?

Bhagavan: Isso é incompreensível. Nenhum motivo pode ser atribuído àquele poder - nenhum desejo, nenhum fim a ser atingido pode ser afirmado a respeito daquele um infinito, todo-poderoso, todo-sábio Ser. Deus é intocado pelas atividades que ocorrem em sua presença. Compare o sol e as atividades do mundo. Não há nenhum sentido em atribuir responsabilidade e motivo ao um antes que ele se torne muitos.

Pergunta: Tudo acontece através da vontade de Deus?

Bhagavan: Não é possível ninguém fazer alguma coisa oposta ao que Deus determina, ele que tem a habilidade de fazer todas as coisas. Portanto, ficar em silêncio aos pés de Deus, tendo abandonado todas as ansiedades da mente perversa, imperfeita e enganadora, é o melhor.

Pergunta: Existe um ser separado, Iswara (Deus pessoal), que é o recompensador das virtudes e o punidor dos pecados? Existe um Deus? Como ele é?

Bhagavan: Sim, existe. Iswara tem individualidade num corpo e mente que são perecíveis, mas ao mesmo tempo, internamente ele tem a consciência transcendental e a liberação.

Iswara, o Deus pessoal, o criador supremo do universo, realmente existe. Mas isso é verdade apenas do ponto de vista relativo daqueles que não realizaram a Verdade, aquelas pessoas que acreditam na realidade das almas individuais. Do ponto de vista absoluto, o sábio não pode aceitar nenhuma outra existência além do Ser impessoal, uno e sem forma.

Iswara tem um corpo físico, uma forma e um nome, mas não tão grosseiro quanto esse corpo material. Ele pode ser visto em visões na forma criada pelo devoto. As formas e os nomes de Deus são muitos e variados, e diferem com cada religião. Sua essência é a mesma que a nossa, o Ser real sendo apenas um e sem forma. Portanto, as formas que ele assume são apenas criações e aparências.

Iswara é imanente em cada pessoa e cada objeto do universo. A totalidade de todas as coisas e todos os seres constitui Deus. Há uma força da qual uma pequena fração tornou-se todo este universo, e o restante está em reserva. Esse poder reservado e esse poder manifesto na forma do mundo, juntos constituem Iswara.

Pergunta: Iswara existe em algum lugar ou em alguma forma particular?

Bhagavan: Se o indivíduo é uma forma, mesmo o Ser, a Fonte, que é o Senhor, também parecerá ter uma forma. Se a pessoa não é uma forma, uma vez que não pode haver conhecimento das outras coisas, será correta essa afirmação de que Deus tem uma forma? Deus assume qualquer forma imaginada pelo devoto através de pensamento repetido em meditação prolongada. Embora, assim ele assuma nomes infindáveis, apenas a real consciência sem forma é Deus.

No que diz respeito à sua localização, Deus não reside em nenhum outro lugar além do Coração. É devido à ilusão criada pelo ego, a ideia "eu sou o corpo", que o reino de Deus é concebido como estando em outra parte. Esteja certo que o Coração é o reino de Deus.

Saiba que você é a resplandecente luz perfeita, que não apenas torna a existência do reino de Deus possível, mas que também permite que ele seja visto como um maravilhoso céu. Apenas saber disso é Jnana. Portanto, o reino de Deus está dentro de você. O espaço ilimitado do turiyatita (além dos quatro estados - o Ser), que brilha repentinamente, em todo seu resplendor, dentro do Coração de um aspirante altamente maduro durante o estado de completa absorção da mente, como se fosse uma experiência nova e anteriormente desconhecida, é o raramente atingido reino de Deus (Siva-Loka), que brilha através da luz do Ser.

Ramana Maharshi

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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A Realização é Eterna e Já Existe Aqui e Agora - Ramana Maharshi


Você Não Deve Confundir o Ego ou a Ideia do Corpo Com o Ser

Bhagavan: O ser individual que identifica a sua existência com a da vida no corpo físico como "Eu" é chamado de ego. O Ser (self), que é pura consciência, não tem sentido de ego a esse respeito. Nem pode o corpo físico, que é inerte em si, ter esse sentido de ego. Entre os dois, ou seja, entre o Ser ou a pura consciência e o inerte corpo físico, surge misteriosamente o sentido de ego ou a noção de "eu", o híbrido que não é nenhum deles, e isso floresce como um ser humano. Este ego ou ser humano está na raiz de tudo o que é inútil e indesejável na vida. Portanto, é para ser destruído por qualquer meio possível, então Aquilo que sempre está sozinho permanece resplandecente. Isso é a Libertação ou a Iluminação ou a auto-realização.

Devoto: Bhagavan frequentemente afirma: "O mundo não está fora de você", ou "tudo depende de você", ou "o que existe fora de você?" Acho isso tudo enigmático. O mundo existia antes de eu nascer e continuará a existir depois da minha morte, como ele sobreviveu à morte de tantos que já viveram como eu vivo agora.

B: Eu já disse que o mundo existe por causa de você? Eu apenas coloquei a pergunta "o que existe aparte do seu Ser?" Você deve compreender que, por Ser (Self), não quero dizer nem o corpo físico, nem o corpo sutil. O que lhe é dito é que se você uma vez conhecer o Ser dentro do qual existem todas as ideias (não excluindo a ideia de você mesmo, de outros como você e do mundo), você pode realizar a verdade de que existe uma Realidade, uma Verdade Suprema, que é o Ser de todo o mundo que você vê agora, o Ser de todos os seres, o um Real, o Supremo, o eterno Ser, como distinto do ego ou do ser individual, que é impermanente. Você não deve confundir o ego ou a ideia do corpo com o Ser.

D: Então Bhagavan quer dizer que o Ser é Deus?

B: Você vê a dificuldade. A auto-inquirição, "Quem sou eu?" É uma técnica diferente da meditação - "Eu sou Shiva", ou "Eu sou Ele". Prefiro enfatizar o auto-conhecimento, pois você está preocupado primeiro com você, antes de prosseguir em conhecer o mundo ou o Senhor dele. A meditação "Eu sou Ele" ou "Eu sou Brahman", é mais ou menos mental, mas a busca pelo Ser de que falo é um método direto e é superior a ela. Pois, no momento em que você começa a busca pelo Ser e começa a ir mais fundo, o verdadeiro Ser está esperando lá para recebê-lo e então o que quer que tenha que ser feito, é feito por alguma outra coisa e você, como um indivíduo, não tem as mãos nisso. Nesse processo, todas as dúvidas e discussões são automaticamente abandonadas, assim como aquele que dorme esquece todos os seus cuidados para com o ser temporal.

D: Que certeza existe de que algo aguarda lá para me receber?

B: Quando uma pessoa está suficientemente madura ela torna-se convicta naturalmente.

D: Como pode essa maturidade ser alcançada?

B: Várias formas são prescritas. Mas qualquer que seja o desenvolvimento anterior que possa haver, a auto-inquirição séria acelera-o.

D: Isso é argumentar em círculos. Eu sou forte o suficiente para a busca, se estou maduro e é a busca que me faz amadurecer.

B: A mente tem esse tipo de dificuldade. Ela quer uma teoria fixa para satisfazer-se. No entanto, nenhuma teoria é realmente necessária para o homem que se esforça seriamente para aproximar-se de Deus ou de seu verdadeiro Ser. Cada pessoa é o Ser e, na verdade, é infinita. Contudo, cada pessoa interpreta erradamente o seu corpo como sendo o Ser. Para se conhecer alguma coisa, é necessário a iluminação. Isso só pode ser da natureza da luz, no entanto, Ele ilumina tanto a luz física quanto a escuridão física. Ou seja, Ele se situa além da aparente - luz e trevas. Ele mesmo não é nenhuma delas, mas é dito como sendo a luz porque ilumina ambos. Ele é infinito e é Consciência. A consciência é o Ser de que todas as pessoas estão conscientes. Ninguém nunca está longe do Ser e, portanto, todos são de fato auto-realizados, apenas - e esse é o grande mistério - as pessoas não sabem disso e querem realizar o Ser. A realização consiste apenas em acabar com a falsa ideia de que a pessoa não é realizada. Não é nada de novo a ser adquirido. Ela já deve existir, ou não seria eterna, e apenas pelo o que é eterno vale a pena lutar.

Uma vez que a falsa noção "Eu sou o corpo" ou "eu não sou realizado" foi retirada, a Suprema Consciência ou o Ser permanece sozinho, e em seu estado atual de conhecimento as pessoas chamam isso de "Realização". Mas a verdade é que a Realização é eterna e já existe, aqui e agora. A consciência é puro conhecimento. A mente surge dela e é composta de pensamentos. A essência da mente é apenas ciência ou consciência. No entanto, quando o ego a anuvia, ela funciona como raciocínio, pensar ou perceber. A mente universal, não sendo limitada pelo ego, não tem nada fora de si própria e, portanto, está apenas ciente. Isso é o que a Bíblia entende por "Eu sou o que sou". A mente dominada pelo ego tem a sua força drenada e é demasiadamente fraca para resistir aos pensamentos angustiantes. A mente sem o ego é feliz, como vemos no sono profundo, sem sonhos. É evidente, portanto, que a felicidade e o sofrimento são apenas modos da mente.

D: Quando eu procuro o "eu", não vejo nada.

B: Você diz isso porque você está acostumado a identificar-se com o corpo e ver com os olhos, mas o que há para ser visto? E por quem? E como? Há apenas uma consciência e esta, quando se identifica com o corpo, projeta-se através dos olhos e vê os objetos que circundam. O indivíduo é limitado ao estado desperto, ele espera ver algo diferente e aceita a autoridade de seus sentidos. Ele não vai admitir - aquele que vê os objetos observados, e o ato de ver - como sendo todos manifestações da mesma Consciência - o "eu-eu". A meditação ajuda a superar a ilusão de que o Ser é algo a ser visto. Na verdade não há nada para ver. Como você reconhece a si mesmo agora? Você tem que segurar um espelho em frente de si para se reconhecer? A consciência é ela própria o "eu". Realize isso e essa é a verdade.

D: Quando eu questiono a origem dos pensamentos, há a percepção do "eu", mas ela não me satisfaz.

B: É verdade. Porque essa percepção do "eu" está associada a uma forma, talvez com o corpo físico. Nada deve ser associado ao puro Ser. O Ser é a pura realidade, em cuja luz, o corpo, o ego e todas as coisas brilham. Quando todos os pensamentos são silenciados, a pura Consciência permanece remanescente.

D: Como o ego surgiu?

B: Não existe ego. Se existisse, você teria que admitir dois seres (Selves) em você. Portanto, não há ignorância. Se você inquirir dentro do Ser, a ignorância, que já é inexistente, será descoberta como não existente e você vai dizer que ela se esvaiu. A ausência de pensamento não significa um branco. Deve haver alguém para estar ciente daquele branco. Conhecimento e ignorância pertencem apenas à mente e estão na dualidade, mas o Ser está além de ambos. É pura Luz. Não há necessidade de um Ser ver outro. Não existem dois Seres. O que não é o Ser é mero não-ser e não pode ver o Ser. O Ser não tem visão ou audição; Ele se situa além desses, todo sozinho, como pura Consciência.

D: Não sei se o Ser é diferente do ego.

B: Em que estado você estava no sono profundo?

D: Eu não sei.

B: Quem não sabe? O ser desperto? Mas você nega que você existia enquanto em sono profundo?

D: Eu existia e existo, mas não sei quem estava em sono profundo.

B: Exatamente. O homem desperto diz que ele não sabia de nada no estado de sono profundo. Agora ele vê objetos e sabe que ele existe, mas no sono profundo não havia objetos e nem espectador. E ainda a mesma pessoa que está falando agora existia no sono profundo também. Qual é a diferença entre os dois estados? Há objetos e o jogo dos sentidos agora, enquanto em sono profundo não havia. Uma nova entidade, o ego, surgiu. Ele atua através dos sentidos, vê objetos, confunde-se com o corpo e pretende ser o Ser. Na realidade, o que estava no sono profundo continua a estar agora também. O Ser é imutável. É o ego que entrou no meio. Aquele que nasce e se põe é o ego. Aquilo que permanece imutável é o Ser.

B: Estado desperto, sonho e sono são meras fases da mente, e não do Ser. O Ser é a testemunha desses três estados. Sua verdadeira natureza existe no sono.

D: Mas somos aconselhados a não adormecer durante a meditação.

B: É contra o estupor que você deve se precaver. Esse sono que se alterna com o estado desperto não é o sono verdadeiro. Esse estado desperto que alterna com o sono não é o verdadeiro estado desperto. Você está acordado agora? Não. O que você tem que fazer é despertar para o seu verdadeiro estado. Você não deve cair no falso sono e nem permanecer falsamente desperto.

B: Embora presente mesmo no sono, o Ser não é ali percebido. Ele não pode ser conhecido no sono imediatamente. Ele deve primeiro ser realizado no estado de vigília, pois Ele é nossa verdadeira natureza subjacente a todos os três estados. Esforço deve ser feito no estado desperto e o Ser realizado aqui e agora. Ele será, então, entendido como sendo o Ser contínuo ininterrompido pela alteração da vigília, sonho e sono profundo.

Ramana Maharshi

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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Investigação de Si - Ramana Maharshi


Quem é Esse Que Diz Que o “Eu” Não é Perceptível?

Devoto: Como podemos realizar o Ser (o Si mesmo real)?

Bhagavan: Que Ser? Descubra.

D: O meu, mas, quem sou eu?

B: É você quem deve descobrir.

D: Eu não sei.

B: Basta pensar sobre a questão. Quem é esse que diz: "eu não sei"? Quem é o "eu" na sua declaração? O que não é conhecido?

D: Alguém ou algo em mim.

B: Quem é esse alguém? Em quem?

D: Talvez algum poder.

B: Descubra.

D: Por que eu nasci?

B: Quem nasceu? A resposta é a mesma para todas as suas perguntas.

D: Quem sou eu, então?

B: Você veio para me examinar? Você deve dizer quem você é.

D: Por mais que eu tente, parece que não pego o "eu". Ele nem sequer é claramente perceptível.

B: Quem é esse que diz que o "eu" não é perceptível? Existem dois "eus" em você, um não é perceptível para o outro?

D: Em vez de indagar: "Quem sou eu?" Posso fazer a pergunta a mim mesmo: "Quem é você?" Para que a minha mente possa ficar fixada em você, que é quem eu considero ser Deus na forma de Guru? Talvez eu chegasse mais perto do objetivo de minha busca através dessa investigação do que ficar me perguntando: "Quem sou eu?"

B: Qualquer forma que sua investigação vier a tomar, você deve finalmente chegar ao "eu" uno, o Ser. Todas essas distinções feitas entre "eu" e "você", mestre e discípulo, são apenas um sinal de ignorância. Apenas o "Eu" Supremo é. Pensar o contrário é enganar a si mesmo. Portanto, uma vez que seu objetivo é transcender aqui e agora estas superficialidades da existência física através da auto-investigação, onde está o mérito de fazer distinções de "você" e "eu", que dizem respeito apenas ao corpo? Quando você volta à mente para dentro, buscando a fonte do pensamento, onde está o "você" e o "eu"? Você deve procurar e deve ser o Ser que inclui tudo.

D: Mas, não é engraçado que o "eu" deve estar à procura do "eu"? A inquirição, "Quem sou eu?" não vem a torna-se, no final uma fórmula vazia? Ou devo colocar a questão para mim infinitamente, repetindo-a como um mantra?

B: Auto-inquirição (vichara) certamente não é uma fórmula vazia, é mais do que a repetição de qualquer mantra. Se a investigação: "Quem sou eu?" fosse mero questionamento mental, não seria de muito valor. O propósito em si da auto-investigação é concentrar a mente toda na fonte dela. Não é, portanto, um caso de um "eu" à procura de outro "eu". Muito menos é a auto-inquirição uma fórmula vazia, pois envolve uma intensa atividade da mente toda para mantê-la firmemente posicionada na pura consciência de si. Vichara (Auto-inquirição) é o único meio infalível, o único direto, para realizar o incondicionado Ser absoluto que você realmente é.

D: Quando leio as obras de Sri Bhagavan percebo que a investigação é dita como sendo o único método para a realização.

M: Sim, isso é vichara.

D: Como é que deve ser feita?

M: O questionador deve admitir a existência de seu ser. "Eu Sou" é a realização. Seguir a pista até a Realização é vichara. Vichara e realização são o mesmo.

D: Isso é elusivo. Sobre o que devo meditar?

M: Meditação requer um objeto para meditar, enquanto que no vichara há apenas o sujeito sem o objeto. A meditação difere do vichara dessa forma.

D: Não é dhyana (meditação) um dos processos mais eficientes para a realização?

M: Dhyana é a concentração em um objeto. Ela cumpre a finalidade de manter afastados os pensamentos diversos e de fixar a mente em um pensamento único, o qual também deve desaparecer antes da Realização. Mas a Realização não é nada novo a ser adquirido. Ela já está aí, mas obstruída por uma tela de pensamentos. Todos os nossos esforços são dirigidos para levantar essa tela e a realização é revelada. Se buscadores verdadeiros são aconselhados a meditar, muitos podem ir embora satisfeitos com o conselho. Mas alguém entre eles pode virar e perguntar: "Quem sou eu para meditar sobre um objeto?" Tal pessoa deve ser instruída a encontrar o Ser. Esse é o objetivo final. Isso é Vichara.

D: O vichara atuará sozinho, na ausência de meditação?

M: Vichara é o processo e também o objetivo. "Eu sou" é a meta e a Realidade final. Manter-se nele com esforço é vichara. Quando é espontâneo e natural é a Realização.

D: Como conhecer o poder de Deus?

M: Você diz "eu sou". É isso. O que mais pode dizer "eu sou"? Nosso próprio Ser (nossa própria existência) é o poder Dele. O problema surge apenas quando a pessoa diz: "Eu sou isso ou aquilo, tal e tal". Não faça isso - Seja você mesmo. Isso é tudo.

Ramana Maharshi

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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Tudo Que Existe é Uma Manifestação do Supremo - Ramana Maharshi


O Mundo é Irreal Como Mundo, Mas Real Como o Ser

Devoto: O ensinamento do Bhagavan é o mesmo do que o do Shankara?

Bhagavan: O ensinamento do Bhagavan é uma expressão da própria experiência e realização dele. Os outros acham que ele coincide com o do Sri Shankaracharya.

Devoto: Quando o Upanishads diz que tudo é Brahman, como podemos concordar com Shankara que este mundo é ilusório?

Bhagavan: Shankara disse também que este mundo é Brahman ou o Ser (Self). O que ele se opunha é que se imagine que o Ser está limitado pelos nomes e formas que constituem o mundo. Ele apenas disse que o mundo não tem qualquer realidade aparte de Brahman. Brahman ou o Ser é como uma tela de cinema e o mundo como as imagens nela. Você pode ver a imagem apenas enquanto haja uma tela. Mas quando o próprio observador se torna a tela apenas o Ser permanece. As pessoas têm criticado Shankara por sua filosofia de Maya (ilusão) sem compreenderem seu significado. Ele fez três declarações: que Brahman é real, que o universo é irreal, e que Brahman é o Universo. Ele não para com a segunda. A terceira declaração explica as duas primeiras, que significa que, quando o Universo é percebido aparte de Brahman, aquela percepção é falsa e ilusória. O que isso significa é que os fenômenos são reais quando experimentados como sendo o Ser e ilusórios quando vistos aparte do Ser. Apenas o Ser existe e é real. O mundo, o indivíduo e Deus são, tal como a aparência ilusória da prata na madre-pérola, criações imaginária no Ser. Eles aparecem e desaparecem simultaneamente. Na verdade, o Ser sozinho é o mundo, o "eu" e Deus. Tudo o que existe é apenas uma manifestação do Supremo.

Devoto: O que é a realidade?

Bhagavan: A realidade deve ser sempre real. Ela não tem nomes ou formas, mas é ela que constitui a base das formas e nomes. Ela está dando base a todas as limitações, sendo ela própria ilimitada. Não é limitada de forma nenhuma. Ela dá base às irrealidades, sendo ela própria Real. Ela é aquilo que é. Ela é como é. Transcende o discurso e está além de descrição, tal como presença ou a ausência do Ser.

Devoto: Os budistas negam o mundo enquanto que a filosofia hindu reconhece a sua existência, mas chama-lhe de irreal, não é assim?

Bhagavan: É apenas uma diferença de ponto de vista.

Devoto: Eles dizem que o mundo é criado pela Energia Divina (Shakti). O conhecimento da irrealidade é devido ao véu da ilusão (Maya)?

Bhagavan: Todos admitem a criação pela Energia Divina, mas qual é a natureza dessa energia? Ela deve estar em conformidade com a natureza de sua criação.

Devoto: Existem graus de ilusão?

Bhagavan: A própria Ilusão é ilusória. Ela deve ser vista por alguém fora dela, mas como pode tal observador estar sujeito a ela? Então, como é que ele pode falar sobre os graus dela? Você vê várias cenas passando na tela de um cinema: o fogo parece queimar edifícios até reduzi-los a cinzas; a água parece naufragar navios, mas a tela em que as imagens são projetadas permanece sem ser queimada e seca. Por quê? Porque as imagens são irreais e a tela é real. Do mesmo modo, reflexos passam diante de um espelho, mas esse não é afetado de maneira nenhuma pelo número ou pela qualidade dos reflexos.

Da mesma forma, o mundo é um fenômeno sobre o substrato da Realidade única a qual não é afetada por ele de maneira nenhuma. A Realidade é apenas uma. Falar da ilusão deve-se apenas ao ponto de vista. Mude seu ponto de vista para o do conhecimento, e você perceberá o universo como sendo apenas Brahman. Estando agora imerso no mundo, você o vê como um mundo real; vá além dele e ele irá desaparecer e apenas a Realidade permanecerá. O mundo é percebido como uma aparente realidade objetiva quando a mente está externalizada, abandonando assim a sua identidade com o Ser. Quando o mundo é assim percebido a verdadeira natureza do Ser não é revelada; de maneira inversa, quando o Ser é realizado, o mundo deixa de aparecer como uma realidade objetiva.

É a ilusão que faz a pessoa tomar por inexistente e irreal, aquilo que está sempre presente e que penetra tudo, que é cheio de perfeição e auto-luminoso e que é, de fato, o Ser e o núcleo do próprio Ser da pessoa. Inversamente, é a ilusão que faz a pessoa considerar como real e auto-existente o que é inexistente e irreal, ou seja, a trilogia - o mundo, o ego e Deus. Para aqueles que não realizaram o Ser, bem como para aqueles que realizaram, o mundo é real. Mas, para os primeiros, a verdade é adaptada à forma do mundo, enquanto que para os últimos a Verdade brilha como a Perfeição sem forma e como o substrato do mundo. Esta é a única diferença entre eles.

Devoto: Bhagavan diz que o irreal (mithya, imaginário) e o real (Satyam) significam a mesma coisa, mas eu não entendo muito bem.

Bhagavan: Sim, eu digo isso às vezes. O que você quer dizer por real? O que você chama de real?

Devoto: Segundo o Vedanta, somente aquilo que é permanente e imutável pode ser chamado real. Esse é o significado de realidade.

Bhagavan: Os nomes e formas que constituem o mundo mudam e perecem continuamente e são, portanto, chamados de irreais. É irreal (imaginário) limitar o Ser a esses nomes e formas, e é real considerar a tudo como sendo o Ser. O não-dualista diz que o mundo é irreal, mas também diz, "Tudo isto é Brahman". Então é claro que o que ele condena é, considerar o mundo como objetivamente real por si só, sem considerá-lo como Brahman. Aquele que vê o Ser vê também no mundo apenas o Ser. É irrelevante para o Iluminado se o mundo aparece ou não. Em ambos os casos, a sua atenção está voltada para o Ser. É como as letras e o papel no qual elas são impressas. Você está tão absorto nas letras que você esquece a respeito do papel, mas o Iluminado vê o papel como o substrato, estejam as letras aparecendo nele ou não. O Vedanta não diz que o mundo é irreal. Isso é um equívoco. Se eles dissessem, qual seria o significado do texto Vedântico: "Tudo isto é Brahman?" Eles só querem dizer que o mundo é irreal como mundo, mas real como o Ser. Se você considerar o mundo como não sendo o Ser, ele não é real. Tudo, você chamando-o de ilusão (Maya) ou de Jogo Divino (Leela) ou Energia (Shakti) deve estar dentro do Ser e não aparte dele.

Devoto: Os Vedas contêm considerações conflitantes sobre cosmogonia. O éter é dito ser a primeira criação em um lugar, a energia vital num outro, a água em outro, outra coisa em outra parte dos textos; como pode tudo isso ser reconciliado? Isso não prejudica a credibilidade dos Vedas?

Bhagavan: Diferentes visionários viram diferentes aspectos da verdade em momentos diferentes, cada um destacando algum ponto de vista. Por que você se preocupa com as declarações conflitantes deles? O objetivo essencial dos Vedas é nos ensinar a natureza do Ser imperecível e nos mostrar que somos Aquilo.

Devoto: A esse respeito estou satisfeito.

Bhagavan: Então trate todo o resto como argumentos auxiliares ou como exposições para o ignorante que queira saber a origem das coisas.

Esses trechos lidam com teorias da criação. Elas não são essenciais, pois o verdadeiro objetivo das escrituras não é estabelecer tais teorias. Elas mencionam as teorias casualmente, para que os leitores que desejarem possam ter interesse nelas. A verdade é que o mundo aparece como uma sombra passageira numa enchente de luz. A luz é necessária mesmo para ver a sombra. A sombra não é valiosa o suficiente para ser digna de qualquer estudo especial, de análises ou discussões. O objetivo do livro é lidar com o Ser e o que é dito sobre a criação deve ser omitido no presente momento. O Vedanta diz que o cosmos brota à vista simultaneamente com aquele que o vê, e não há processo detalhado de criação. É semelhante a um sonho, onde aquele que experimenta o sonho surge em simultâneo com o sonho que ele experimenta. No entanto, algumas pessoas apóiam-se tanto no conhecimento objetivo, que elas não estão satisfeitas quando lhe dizem isso. Elas querem saber como de súbito a criação pode ser possível, e argumentam que um efeito deve ser precedido por uma causa. Na verdade eles desejam uma explicação do mundo que vêem acerca de si. Por isso as escrituras tentam satisfazer sua curiosidade através de tais teorias. Este método de lidar com o assunto é chamado de teoria da criação gradual, mas o verdadeiro buscador espiritual pode ficar satisfeito com a criação instantânea.

Ramana Maharshi

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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O Caminho Direto - Ramana Maharshi


O Indivíduo Não Está Aparte de Deus

Pergunta: Qual é o melhor caminho para matar o Ego?

Bhagavan: Para cada pessoa o melhor caminho é aquele que parece mais fácil ou que atraia mais. Todos os caminhos são igualmente bons, pois levam ao mesmo objetivo, que é a fusão do Ego no Ser (Self). O que o devoto (bhakta) chama de rendição, aquele que faz vichara (investigação de si) chama de Jnana (conhecimento). Ambos estão apenas tentando levar o Ego de volta para a fonte da qual ele surgiu e fazê-lo fundir-se lá.

Pergunta: A graça não pode acelerar tal competência num buscador?

Bhagavan: Deixe isso para Deus. Renda-se sem reservas. Uma das duas coisas precisa ser feitas. Ou se renda porque você admite a sua nulidade e inabilidade e requeira que uma força superior te ajude, ou investigue a causa da miséria indo para a fonte e se funda dentro do Ser.

Pergunta: É bom amar a Deus, não é? Então por que não seguir o caminho do amor?

Bhagavan: Quem disse que você não poderia segui-lo? Você pode fazer isso. Mas quando você fala de amor, há dualidade. Não existe a pessoa que ama e a entidade chamada Deus que é amada? O indivíduo não está aparte de Deus. Assim amor significa que a pessoa tem amor pelo próprio Ser (Self) dela.

Pergunta: É por isso que estou te perguntando se Deus poderia ser adorado através do caminho do amor.

Bhagavam: Isso é exatamente o que eu tenho falado. O próprio amor é a forma verdadeira de Deus. Se ao dizer, "eu não amo isso, eu não amo aquilo", você rejeita todas as coisas, aquilo que sobra é swarupa (Ser real), essa é a real forma do Ser. Ela é contentamento puro. Chame-o de bênção pura, Deus, atma, ou do que você quiser. Isso é devoção, isso é realização e é tudo.

Portanto, se você rejeita tudo, o que permanece é o Ser apenas. Esse é o amor real. Aquele que conhece o segredo desse amor descobre o próprio mundo cheio de amor-universal.

Apenas a experiência de não esquecer a consciência é o estado de devoção (bhakti), experiência que consiste no relacionamento do amor real imperecível, pois o conhecimento real do Ser, que brilha como a própria bênção suprema indivisível, revela-se como sendo a natureza do amor.

Apenas quando a pessoa conhecer a verdade do amor, o qual é a verdadeira natureza do Ser, o nó emaranhado da vida será desatado. Apenas se a pessoa atingir as alturas do amor a liberação será atingida. Tal é o coração de todas as religiões. A experiência do Ser (o si mesmo real) é só amor, que está vendo apenas amor, escutando apenas amor, sentindo apenas amor, saboreando apenas amor, cheirando apenas amor, o qual é bênção.

O estado puro de estar apegado à graça (ao Ser), que é desprovida de qualquer apego, é o próprio estado de silêncio da pessoa, que é sem qualquer outra coisa. Saiba que o silêncio - aquele desempenho da incessante adoração verdadeira e natural, na qual a mente é estabelecida submissivamente como o Ser uno, tendo instalado o Senhor no trono do coração - é a melhor de todas as formas de adoração. O maligno esquecimento do Ser, que nos faz cair daquele silêncio, é a não-devoção (vibhakti). Saiba que permanecer como aquele silêncio onde a mente retrocede ficando não-diferente do Ser, é a verdade de Shiva Bhakti (devoção a Deus).

Quando a pessoa rendeu-se completamente aos pés de Shiva, assim tornando-se da natureza do Ser, a paz abundante que resulta, na qual não há nem mesmo o menor espaço no Coração para a pessoa fazer nenhuma reclamação sobre seus defeitos e deficiências, é somente a natureza da devoção suprema. Dessa forma, a pessoa torna-se escrava de seu Senhor; e fica quieta e silenciosa, sem nem mesmo o pensamento egoísta "eu sou Seu escravo", significa permanecer no Ser, e esse é o conhecimento supremo.

Pergunta: Sri Bhagavatan delineia um caminho para encontrar Krishna no coração, ao nos prostrarmos perante todos e olharmos todos como sendo o próprio Senhor. Esse é um caminho que conduz à realização? Não é mais fácil adorar Bhagavan não importando o que surgir na mente, do que buscar o que está além da mente através da inquirição mental "quem sou eu"?

Bhagavan: Sim, quando você vê Deus em tudo, você pensa em Deus ou não? Certamente você tem que pensar em Deus se você quer ver Deus por toda sua volta. Manter Deus na sua mente dessa maneira se torna meditação (dhyana) e meditação é o estágio antes da realização. A Realização só pode ser do Ser e no Ser (Self - o si mesmo real). Ela nunca pode ser aparte do Ser. Meditação deve preceder a realização, mas se você faz meditação em Deus ou no Ser não faz diferença, pois o objetivo é o mesmo. De qualquer maneira, você não pode escapar do Ser. Você quer ver Deus em tudo, mas não em si mesmo? Se tudo é Deus, você não está incluído nesse tudo? Sendo Deus você mesmo, é uma admiração que tudo seja Deus? Esse é o método que foi aconselhado no Sri Bhagavatan, e em outros lugares por outros. Mas mesmo para essa prática, tem que haver o sujeito que vê e o que pensa. Quem é ele?

Pergunta: Como ver Deus que está permeando tudo?

Bhagavan: Ver Deus é ser Deus. Não existe o "tudo" aparte de Deus para ele permear. Apenas Ele existe.

Pergunta: O devoto (bhakta) requer um Deus para o qual ele possa fazer a devoção (bhakti). Ele deve ser ensinado que só existe o Ser, e não um adorador e o Adorado?

Bhagavan: É claro, Deus é necessário para a prática espiritual (sadhana). Mas mesmo no caminho da devoção, o fim do Sadhana é atingido apenas após a completa rendição. O que isso significa exceto que o apagamento do ego resulta no Ser ficando como ele sempre foi? Em qualquer caminho que for escolhido, o "eu" é inescapável, o "eu" que realiza ações altruístas (nishkama karma), o "eu" que anseia por se unir com o Senhor do qual ele sente estar separado, o "eu" que sente que se afastou da sua natureza real, e assim por diante. A fonte desse "eu" precisa ser descoberta. Então todas as questões serão resolvidas.

Este caminho (atenção ao "eu"/investigação de si) é o caminho direto; todos os outros são caminhos indiretos. O primeiro conduz ao Ser, os outros para outros lugares. E mesmo se os outros chegarem ao Ser é apenas porque no fim levaram ao primeiro caminho o qual finalmente conduz todos os outros ao objetivo. Portanto, no fim, o aspirante deve adotar o primeiro caminho. Por que não fazer isso agora? Por que perder tempo?

Ramana Maharshi

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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O Propósito - Ramana Maharshi


O Ser é Sempre o Ser e Não Existe Tal Coisa Como Realizar o Ser

Devoto: Qual é o propósito da auto-realização?

Bhagavan: A auto-realização é a meta final e é em si mesma o propósito.

D: Eu quero dizer, qual é a utilidade disso?

B: Por que você pergunta sobre a auto-realização? Por que você não descansa contente com o seu estado atual? É evidente que você está descontente; e seu descontentamento chegará ao fim, se você realizar a si mesmo (realizar o Ser).

D: Qual é o objetivo deste processo?

B: Perceber o Real.

D: Qual é a natureza da realidade?

B: (a) Existência sem começo ou fim - eterna. (b) Existência em toda parte, interminável - infinita. (c) Existência sublinhando todas as formas, todas as mudanças, todas as forças, toda matéria e todo espírito. Os muitos mudam e morrem, enquanto que o Um sempre perdura. (d) O Um desloca as tríades, tais como - o conhecedor, o conhecimento e o conhecido. As tríades são apenas aparências no tempo e no espaço, ao passo que a Realidade se situa além e por trás deles. Eles são como uma miragem sobre a realidade. Eles são o resultado de uma ilusão.

D: Se eu também sou uma ilusão, quem abandona a ilusão?

B: O "Eu" abandona a ilusão de "eu" e ainda assim continua "Eu". Tal é o paradoxo da auto-realização (ou realização do Ser). O Realizado não vê qualquer contradição nisso. Algumas pessoas que vêm aqui, e não me perguntam sobre si mesmas, mas sim sobre o Jivanmukta (aquele que foi liberado enquanto ainda estava encarnado). Eles perguntam: "O realizado vê o mundo?". "Ele está sujeito ao destino?". "Podemos ser liberados apenas após deixar o corpo; ou é possível enquanto ainda estamos vivos?". "O corpo de um Sábio dissolve-se na luz ou desaparece de uma maneira milagrosa?". Suas perguntas são infinitas. Por que se preocupar com todas estas coisas? A Liberação consiste em saber a resposta para essas perguntas? Então eu lhes digo: - "Não se preocupem a respeito da Liberação. Em primeiro lugar, descubra se existe algo como a escravidão. Examine a si mesmo primeiro". Em certo sentido, falar da auto-realização é uma ilusão. É só porque as pessoas têm estado sob a ilusão de que o não-ser é o Ser e o irreal é o Real, que elas têm que ser tiradas disso por meio de outra ilusão chamada auto-realização; porque, na realidade, o Ser é sempre o Ser e não existe tal coisa como realizar o Ser. Quem é para realizar o que, e como, quando tudo o que existe é o Ser e nada mais que o Ser (Self)?

D: Nós vamos para Svarga (o céu), pelo resultado de nossas ações aqui?

B: O céu é tão real quanto a sua vida presente. Mas se perguntarmo-nos quem somos nós, e descobrirmos o Ser, qual é a necessidade de pensar sobre o céu?

D: O Vaikunta (céu) está no Ser Supremo?

B: Onde está o Ser Supremo ou o céu, senão em você?

D: Mas o céu pode aparecer para a pessoa involuntariamente.

B: O mundo aparece voluntariamente?

D: Deve haver fase após fase de progresso antes de se atingir o Absoluto. Existem diferentes níveis de realidade?

B: Não existem níveis de Realidade, existem apenas níveis de experiência para o indivíduo, não de Realidade. Se alguma coisa pode ser adquirida, que não estava lá antes, também pode ser perdida; enquanto que o Absoluto é eterno, aqui e agora.

Pode um homem tornar-se um oficial de alto escalão apenas ao ver um passar? Ele pode se tornar um, somente se ele se esforçar e se equipar para a posição. Do mesmo modo, pode o ego, que está em cativeiro sendo a mente, tornar-se o Divino Ser simplesmente porque uma vez teve um vislumbre que ele é o Ser? Isso não é impossível sem a destruição da mente? Pode um mendigo tornar-se um rei por apenas visitar um rei, e declarar-se como sendo um?

D: A auto-realização pode ser perdida novamente após ser atingida?

B: A realização leva tempo para estabilizar a si mesma. O Ser certamente está dentro da experiência direta de todos, mas não na forma como as pessoas imaginam. Só se pode dizer que ele é como é. Assim como os encantos ou outros dispositivos podem evitar que o fogo queime um homem, quando de outro modo o queimaria, também os vasanas (tendências inerentes que nos impele a desejar uma coisa e repelir outra), podem velar o Ser quando de outro modo, Ele seria evidente. Devido às flutuações dos vasanas, a Realização leva tempo para estabilizar-se. A realização espasmódica não é suficiente para impedir o renascimento, e não pode tornar-se permanente enquanto existirem os vasanas. Na presença de um grande mestre, os vasanas deixam de ser ativos e a mente torna-se quieta para que resulte o samadhi (a absorção na Realização). Assim como na presença de vários dispositivos de incêndio, o fogo não queima; o discípulo ganha conhecimento verdadeiro e experiência direta na presença de um mestre. Mas se o objetivo é se estabelecer, esforço adicional é necessário. E então, o conhecerá como sendo seu verdadeiro Ser e, portanto, será liberado enquanto ainda vivo. Você é o Ser mesmo agora, mas você confunde sua atual consciência ou o seu ego, com a Consciência Absoluta, ou, o Ser (Self). Essa falsa identificação é devida à ignorância, e a ignorância desaparece juntamente com o ego. Matar o ego é a única coisa a ser feita. A Realização já existe, nenhuma tentativa precisa ser feita para tentar alcançá-la. Por que ela não é nada, novo ou externo a ser adquirido. É sempre e em toda parte - aqui e agora, também.

D: Esse método parece ser mais rápido do que aquele habitual, da pessoa cultivar as virtudes que são alegadas como sendo necessárias para a Realização.

B: Sim. Todos os vícios estão ao redor do ego. Quando o ego se vai a Realização resulta naturalmente.

D: Um Iogue pode saber sobre suas vidas passadas?

B: Você conhece a vida presente tão bem que você deseja saber a passada? Descubra a presente, depois o resto se seguirá. Mesmo com o seu atual conhecimento limitado, você sofre muito. Por que deveria você sobrecarregar-se com mais conhecimento? É para sofrer mais?

D: Bhagavan utiliza poderes ocultos para fazer os outros realizarem o Ser, ou o simples fato da Realização do Bhagavan é o suficiente para isso?

B: A força de realização espiritual é muito mais poderosa do que a utilização de todos os poderes ocultos. Na medida em que não há ego no Sábio, não há "outros" para ele. Qual é o maior benefício que pode ser atribuído a você? É a felicidade, e a felicidade é nascida da paz. A paz só pode reinar onde não haja perturbação, e a perturbação se deve aos pensamentos que surgem na mente. Quando a própria mente estiver ausente, haverá perfeita paz. A menos que a pessoa tenha aniquilado a mente, ela não pode ganhar a paz e ser feliz. E a menos que ela própria seja feliz, ela não pode outorgar felicidade aos "outros". Dado que, no entanto, não há "outros" para o Sábio, que não tem mente, o mero fato de sua auto-realização é por si só suficiente para tornar os "outros" felizes também.

Ramana Maharshi

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O Ser Transcende o Intelecto - Ramana Maharshi


O “Ser” (Self) Está Sempre Aqui, Não Há Nada Sem Ele

Devoto: É necessário um mestre para a realização?

Maharshi: A realização é o resultado da graça do mestre, mais do que os ensinamentos, que os discursos, que a meditação, etc. Esses são apenas ajudas secundárias, enquanto que a graça do mestre é a causa principal e essencial.

D: Quais são os obstáculos que impedem a realização do "Ser" (Self)?

M: São os hábitos da mente (Vasanas).

D: Como vencer os hábitos mentais (Vasanas)?

M: Realizando o "Ser".

D: Isso é um círculo vicioso.

M: É o ego que levanta tais dificuldades, criando obstáculos, e depois sofre a perplexidade dos aparentes paradoxos. Encontre quem faz as perguntas e o "Ser" (Self) será encontrado.

D: Quais são os auxílios para a realização?

M: Os ensinamentos das Escrituras e das almas realizadas.

D: Podem ser esses ensinamentos debates, discussões e meditações?

M: Sim, todos esses são apenas auxílios secundários, enquanto que o essencial é a graça do Mestre.

D: Quanto tempo leva para se obter isso?

M: Porque você deseja saber?

D: Para me dar esperança.

M: Mesmo tal desejo é um obstáculo. O "Ser" (Self) está sempre aqui, não há nada sem ele. Seja o "Ser", e os anseios e as dúvidas desaparecerão. Esse "Ser" é o presenciador nos estados de sono profundo, do sono com sonhos e do estado de vigília. Estes estados pertencem ao ego. O "Ser" transcende até mesmo o ego. Você não existia no sono profundo? Naquele estado você sabia que estava dormindo ou que não estava ciente do mundo? É apenas no estado desperto que você descreve a experiência do sono profundo como inconsciência, portanto, a consciência quando você está dormindo é a mesma que quando você está acordado. Se você conhece o que é essa consciência desperta, conhecerá a consciência que presencia os três estados. Esta consciência pode ser encontrada buscando a consciência como ela era no sono profundo.

D: Nesse caso, eu adormeço.

M: Não há mal nisso!

D: É um vazio.

M: Para quem é o vazio? Descubra. Você não pode negar a si mesmo nunca. O "Ser" está sempre ali, e continua em todos os estados.

D: Devo permanecer como se estivesse no sono profundo e ser vigilante ao mesmo tempo?

M: Sim. A vigilância é o estado desperto. Portanto, o estado não será de sono, mas de sono sem sono. Se você seguir os passos de seus pensamentos, irá ser extraviado por eles e se encontrará num labirinto sem fim.

D: Então, devo retornar traçando à origem dos pensamentos.

M: Exatamente, dessa maneira os pensamentos vão desaparecer e só o "Ser" permanecerá. Na verdade, para o "Ser" não existe nem dentro e nem fora. São projeções do ego também. O "Ser" é puro e absoluto.

D: Isso se entende apenas intelectualmente. O intelecto não é uma ajuda para a realização?

M: Sim, até uma determinada fase. Porém, ainda assim, compreenda que o "Ser" transcende o intelecto; o intelecto deve desaparecer para se obter o "Ser".

D: A minha realização ajuda aos outros?

M: Sim, certamente. É a melhor ajuda possível. Mas não existe ninguém para ajudar. Pois um ser realizado vê o "Ser" da mesma forma que um ourives aprecia o ouro em diferentes jóias. Apenas enquanto você se identifica com o corpo, as formas e as figuras estão aqui. Porém, quando você transcende seu corpo, os outros desaparecem juntamente com sua consciência do corpo.

D: Isso também acontece com as plantas, árvores, etc.?

M: Podem eles existir separados do "Ser"? Descubra. Você acha que os vê. O pensamento é projetado a partir do seu "Ser". Descubra de onde eles surgem. Os pensamentos deixarão de surgir e apenas o "Ser" sobrará.

D: Eu entendo teoricamente. Mas os objetos ainda estão aqui.

M: Sim. É como um filme no cinema. Há a luz na tela e as sombras que passam rapidamente impressionam a audiência, a forma de uma atuação de alguma peça. Similarmente, será também assim se na mesma representação o público também for mostrado. Aquele que vê e aquilo que é visto estarão então apenas na tela. Aplique isso a você mesmo. Você é a tela, o "Ser" criou o ego, o ego acrescenta os pensamentos que se mostram como o mundo, as árvores, as plantas, etc., sobre os quais você está perguntando. Na realidade, tudo isso não é nada além do "Ser". Se você ver o "Ser", perceberá que ele é tudo em toda a parte e sempre. Nada além do "Ser" existe.

D: Sim, mas compreendo apenas teoricamente. No entanto, as respostas são simples, bonitas e convincentes.

M: Mesmo o pensamento, "eu não entendo" é um obstáculo. Na verdade, apenas o "Ser", É.

Ramana Maharshi

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Meditação e Autoinquirição - Ramana Maharshi


Silêncio Mental e Investigação de Si

Aqueles que não se adéquam à investigação devem praticar meditação. Na meditação o aspirante, esquecendo a si mesmo, medita "eu sou Brahman" ou "eu sou Shiva" e através desse método se mantém em Brahman ou Shiva. Isso irá terminar finalmente com a consciência residual de Brahman ou Shiva na forma do Ser (da própria existência). Ele irá então perceber que isso é o puro Ser, ou seja, o Si mesmo real.

Aquele que se engaja na investigação (autoinquirição) começa mantendo-se em si mesmo, e perguntando a si mesmo "Quem sou eu?", então o Ser (o Si mesmo real) torna-se claro para ele.

Para um iniciante a meditação de certa forma é mais fácil e agradável. A prática dela leva à investigação de si, que consiste em peneirar a verdade da irrealidade.

Ramana Maharshi






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