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Lembrança de Si - P. D. Ouspensky



Um Estado Diferente de Consciência

Lembrar de si mesmo significa a mesma coisa que estar ciente de si - significa "eu sou". Às vezes vem por si mesmo; é um sentimento muito estranho. Não é uma função, não é pensamento, não é sentimento; é um estado diferente de consciência. Por si mesmo ele vem apenas por momentos muito curtos, geralmente em arredores completamente novos, e dizemos para nós mesmos: "Que estranho. Eu estou aqui". Isso é lembrança de si, neste momento você lembra de si mesmo. Mais tarde quando você começa a distinguir estes momentos, você chega a uma outra conclusão interessante: você percebe que o que você se lembra da infância são somente os lampejos de lembrança de si, pois tudo o que você sabe de momentos ordinários é que as coisas aconteceram. Você sabe que você esteve lá, mas não se lembra de nada de maneira exata; mas se este flash acontece, então você recorda de tudo o que circundava aquele momento.

Para mim, pessoalmente, no início, a ideia mais interessante foi aquela da lembrança de si. Eu simplesmente não podia compreender como as pessoas puderam perder uma coisa dessas. Toda filosofia e psicologia Européia simplesmente perderam este ponto. Existem vestígios disso nos antigos ensinamentos, mas eles estão tão bem disfarçados e colocados entre as coisas menos importantes que você não pode ver a importância da ideia. Quando tentamos manter todas essas coisas em mente e observarmos a nós mesmos, chegamos à conclusão muita definida de que no estado de consciência em que estamos, com toda essa identificação, consideração, emoções negativas e ausência de lembrança de si, nós estamos realmente adormecidos. Nós só imaginamos que estamos acordados. Por isso, quando tentamos lembrar de nós, isso significa somente uma coisa, nós tentamos acordar. E conseguimos despertar por um segundo, mas em seguida dormimos novamente. Este é o nosso estado de ser, então realmente estamos dormindo. Podemos acordar apenas se corrigirmos muitas coisas na máquina (corpo/mente/sentimento), e se trabalharmos muito persistentemente sobre esta ideia de despertar, e por um longo tempo.

A expressão, "lembrar de si mesmo" é usada especialmente, intencionalmente, porque em conversas comuns muito frequentemente dizemos: "Ele esqueceu de si mesmo", "ele não lembrou dele mesmo", ou "ele lembrou de si mesmo à tempo". Na realidade, nós nunca lembramos totalmente de nós mesmos. Nós nunca lembramos no momento. Nós nunca percebemos que estamos presentes, que estamos conscientes, de que estamos aqui. Isto deve ser entendido, e, ao mesmo tempo, é preciso entender que, se fizermos esforços suficientes e por um período suficientemente longo, podemos aumentar a nossa capacidade para lembrar-se de nós mesmos, começamos a lembrar-nos com mais frequência, começamos a lembrar-nos com mais profundidade.

P. D. Ouspensky

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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Compreensão da Lembrança de Si

Não Estamos Conscientes, Mas Podemos Nos Tornar Conscientes

Ouspensky: Você pode chegar à compreensão da lembrança de si (self-remembering) de muitas maneiras diferentes. Por exemplo, quando ouvi pela primeira vez sobre ela, lembro que foi muito estranho. A ideia impactou-me como sendo uma ideia enorme. Eu estava estudando psicologia durante muitos anos e percebi que em toda a psicologia que eu tinha estudado, essa ideia não era conhecida. Abismou-me o quanto pensamos erradamente e que tínhamos perdido a maior verdade, o fato de que não nos lembramos de nós e de que poderíamos nos lembrar é o maior fato em toda a psicologia - a possibilidade da consciência uma é uma tremenda ideia. Ou outras pessoas que conheço, perceberam que nunca foram mestres de si mesmas; Outras pessoas ficaram interessadas ao descobrir que se a pessoa decide fazer uma coisa durante o sono, sem consciência, então não é uma ação dela mesma, aquilo apenas acontece. É necessário começar com essa ideia, ver suas aplicações e conexões.

Pergunta: Você disse que quando percebemos que não nos lembramos de nós estamos mais perto da lembrança de si. Vejo agora que não me lembro de mim mesmo, mas não vou mais longe que isso.

O: Vá mais fundo. Nada mais é necessário. Realize mais e mais, cada vez mais profundamente, que nem você e nem as outras pessoas se lembram, que ninguém lembra de si mesmo. Isso o levará para a lembrança de si mais do que qualquer outra coisa. Nossa dificuldade é principalmente dependente da falta de percepção de que não nos lembramos de nós mesmos. Se percebêssemos com mais frequência que não nos lembramos e que as outras pessoas também não, que ninguém se lembra de si mesmo, então começaríamos a lembrar, apenas através disso.

P: Como podemos aprender a parar os pensamentos?

O: Através da lembrança de si. Os pensamentos param de imediato.

P: Você disse que o tipo de energia utilizada para a lembrança de si pode ser aumentada quando se quer. Como isso pode ser feito?

O: Ao tentar lembrar de si mesmo e através da observação. Suas impressões trazem energia. Se você olha e não vê, você perde energia, mas se você observa e vê, isso significa que você adquire mais energia.

P: É possível de repente transformar a energia da raiva em alguma coisa? Temos uma energia tremenda, mas não sabemos como usá-la.

O: Ao não se identificar. Temos uma energia enorme e ela funciona por si mesma, faz-nos agir de certa maneira. Por quê? Qual é o elo de ligação? A identificação é o elo. Pare a identificação e você terá a energia à sua disposição. Como você pode fazer isso? Não é de uma vez. Isso precisa de prática. Pratique nos momentos fáceis. Quando a emoção é muito forte, não se pode. É necessário saber mais para estar preparado. Se você sabe como não se identificar nos momentos certos, você terá muita energia à sua disposição. O que você vai fazer com ela é outra coisa. Você pode perdê-la em algo completamente inútil. Mas é preciso prática. Você não pode aprender a nadar se você cair no mar durante uma tempestade. Você deve aprender em águas calmas. Então, talvez, se você cair, você será capaz de nadar.

P: Devemos compreender que a lembrança de si significa consciência?

O: Mais uma vez, não só consciência. Significa também uma certa capacidade de agir de uma determinada maneira, de fazer o que se quer. Você vê, em nosso pensamento lógico, no conhecimento lógico, nós separamos a consciência da vontade. Consciência significa vontade. Em russo, por exemplo, a palavra vontade é a mesma que liberdade. Nas línguas com raízes latinas, eles desconsideram o significado, dão-lhe outro significado. A palavra consciência significa uma combinação de todo o conhecimento, como se você tivesse todo o seu conhecimento diante de você ao mesmo tempo. Mas consciência significa também vontade, e vontade significa liberdade.

P: Existe alguma maneira pela qual podemos lembrar mais claramente o que compreendemos quando estávamos em um estado melhor?

O: Isso é uma coisa muito importante, mas eu não sei de um método especial. Esses momentos devem estar ligados. Olhe para trás, tente comparar. Isso é particularmente importante em relação a alguma questão definida. Você pode entender algo que você não entendeu meia hora atrás. Mas talvez antes tenha havido momentos em que você também entendeu alguma coisa a esse respeito. Tente lembrar desses momentos e conectá-los.

P: A lembrança de si tem conexão com "Eu sou o que sou?".

O: Esta é uma ideia filosófica. Em outras palavras, O Absoluto pode ser chamado de "Eu" ou "Ego" - não tem nada a ver os imaginários "eus" humanos. Isso também está relacionado com uma outra ideia, que só Deus tem o direito de chamar-se de "Eu" - e nós nos chamamos de "eu".

P: O que você quis dizer quando disse que temos de tentar lembrar de si quando é mais difícil?

O: Você sabe que não deve fazer alguma coisa. Uma parte de você quer fazer isso. Então você lembra de si e pára isso. A lembrança de si tem um elemento de Vontade nela. Se fosse apenas ao sonhar "Eu sou, eu sou, eu sou" não valeria de nada. Você deve dar um certo tempo simplesmente para estudar o que significa lembrar e o que não lembrar significa e os efeitos que lembrar e não lembrar têm. Depois, você pode inventar muitas maneiras diferentes de lembrar de si mesmo. Mas na verdade, a lembrança não é intelectual, abstrata. São momentos de vontade. Não é pensamento, é ação. Ela significa controle. Caso contrário, qual é o uso de lembrar de si mesmo se não aumentar o controle? Você só pode controlar a si mesmo em momentos de lembrança de si. Controle mecânico proveniente da formação, da educação e assim por diante, não é controle: quando a pessoa é ensinada a se comportar de uma determinada maneira em determinadas circunstâncias.

P: Qual é a aplicação prática deste sistema?

O: Por exemplo, uma possibilidade de estabelecer o nosso estado de consciência e a possibilidade de aumentar a nossa consciência através da lembrança de si - isso imediatamente se torna prático, foi isso que primeiramente me surpreendeu quando comecei a estudar o sistema, que é particularmente importante e particularmente interessante (pois os sistemas do Oriente deixavam escapar esse ponto) que não estamos conscientes e que podemos nos tornar conscientes. Houveram peças e livros interessantes, mas eles foram muito específicos, ou saíram sob o nome de filosofia, e geralmente foram escritos em linguagem difícil de tal forma que permaneceram desconhecidos para o público geral.

P. D. Ouspensky

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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Orai e Vigiai - P. D. Ouspensky

A Lembrança de Si

Pergunta: A lembrança de si era uma característica do antigo conhecimento esotérico?

Ouspensky: Sempre, em toda a parte. Apenas algumas vezes, nas escolas religiosas, por exemplo, foi designada por um nome diferente. Isso não é arbitrário. É uma etapa necessária em nosso desenvolvimento, não uma tarefa imposta arbitrariamente. É preciso passar por ela e só se pode passar de uma forma.

Pergunta: Cristo alguma vez falou sobre ela - com quais palavras?

Ouspensky: Em cada página. Palavras diferentes. Por exemplo, "Não durmas", "Vigiai" - todo o tempo.

Pergunta: Se a identificação é uma perturbação emocional, o que causa esta perturbação. Por que é assim?

Ouspensky: Qualquer coisa, qualquer coisa no mundo pode causá-la. É difícil dizer o porquê. Pode ser um número excessivo de "eus", falta de controle se quiser. Mas "o porquê" não é tão interessante. Não estudamos o porquê. Estudamos o "como". Não podemos saber por que, ou sabemos apenas algumas vezes. Não temos controle; não sabemos que não temos controle e muitas outras coisas. Isso causa identificação. Nascemos rodeados de pessoas que sempre estão identificadas e por imitação inconsciente, nos tornamos iguais a elas.

Pergunta: Você disse que a Natureza era contrária ao desenvolvimento do homem. O desenvolvimento do homem é antinatural, não é?

Ouspensky: Sim, de certo modo. Os níveis são diferentes. A natureza criou o homem parcialmente desenvolvido, e por assim dizer, o deixou aí. Isso significa que a Natureza, a Natureza mais próxima, por assim dizer, necessita dele como ele é. Ao mesmo tempo a Natureza o criou com uma possibilidade de desenvolvimento, isto significa que ela pode usar o homem desenvolvido para algum propósito. As duas coisas são naturais - o fato de que o homem é parcialmente desenvolvido e o fato de que ele pode se desenvolver.

Pergunta: Você disse a algum tempo que vivemos sob 48 leis. Quais são elas?

Ouspensky: A Terra está sob 48 leis. Gravidade, coisas assim. Muitas e muitas leis sob as quais vive a Terra - movimento, leis físicas, leis químicas.

Pergunta: Você disse que na medida em que progredimos podemos eliminar algumas delas.

Ouspensky: Eu disse que a Terra vive sob 48 leis. O homem vive sob muito, muito mais do que 48. Algumas conhecemos - leis físicas, biológicas. Depois vêm as leis muito simples - a ignorância, por exemplo. Não conhecemos a nós mesmos, isso é uma lei. Se começamos a conhecer a nós mesmos, ficamos livres de uma lei. Não podemos aprender "esta é uma lei, esta outra lei, esta uma terceira lei". Para muitas delas não temos nomes. Todas as pessoas vivem sob a lei da identificação. Essa é uma lei. Aqueles que começam a lembrar de si mesmos podem se livrar da lei da identificação. Dessa forma podemos conhecer essas leis.

P. D. Ouspensky

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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O Estado de Identificação - P. D. Ouspensky

Você Deve Estar Em Vigilância o Tempo Todo Contra a Identificação

Pergunta: Você não mencionou a identificação, mas posso lhe fazer uma pergunta sobre isso?

Ouspensky: Por favor. Mas nem todo mundo aqui já ouviu falar sobre isso, então vou explicar um pouquinho. Você vê, quando começamos a observar particularmente as emoções, a observar realmente todas as outras funções também, descobrimos que todas as nossas funções são acompanhadas por uma certa atitude; nós ficamos muito absorvidos nas coisas, muito perdidos nas coisas, especialmente quando o menor elemento emocional aparece. Isso é chamado de identificação. Nós nos identificamos com as coisas. Não é uma palavra muito boa, mas em Inglês não há nenhuma melhor. A ideia da identificação existe nos escritos indianos e os budistas falam de apego e desapego. Essas palavras parecem-me ainda menos satisfatórias, porque, antes de conhecer este sistema (sistema apresentado pelo Sr. Gurdjieff), eu lia essas palavras e não entendia, ou melhor, eu entendia, mas tomava a ideia intelectualmente. Eu só entendi completamente quando encontrei a mesma ideia expressa em russo e em grego por escritores cristãos antigos. Eles têm quatro palavras para quatro graus de identificação, mas isso não é necessário para nós ainda. Nós tentamos entender a ideia não por definição, mas por observação. Identificação é uma certa qualidade de apego - ficar perdido nas coisas.

P: Agente perde nosso sentido de observação?

O: Quando você fica identificado você não pode observar.

P: Geralmente, a identificação inicia-se com uma emoção? Será que a possessividade resulta nisso também?

O: Sim. Muitas coisas. Ela começa primeiro com o interesse. Você está interessado em algo, e no momento seguinte está dentro daquilo, e você não existe mais.

P: Mas se estamos pensando e conscientes do esforço feito para pensar, isso nos salva da identificação? Não se pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo, pode?

O: Sim, isso te salva por um momento, mas no momento seguinte um outro pensamento vem e te leva embora. Portanto, não há garantia. Você deve estar em vigilância o tempo todo contra a identificação.

P: Quais são as emoções negativas que gostamos mais de glorificar?

O: Algumas pessoas são muito orgulhosas de sua irritabilidade ou irritação, ou de algo parecido. Elas gostam que os outros pensem que elas são muito duras. Não há praticamente nenhuma emoção negativa que você não possa apreciar, e isso é a coisa mais difícil de perceber. Realmente algumas pessoas recebem todos os seus prazeres das emoções negativas. A identificação em relação às pessoas toma uma forma especial, que é chamada neste sistema de consideração. Mas, a consideração pode ser de dois tipos, quando consideramos os sentimentos dos outros, e quando consideramos nossos próprios sentimentos. Principalmente nós consideramos nossos próprios sentimentos. Consideramos principalmente no sentido de que as pessoas de alguma forma não nos valorizam suficientemente ou não pensam em nós o suficiente, ou não são suficientemente cuidadosas conosco. Encontramos muitas palavras para isso. Esta é uma faceta muito importante da identificação e é muito difícil se livrar dela, algumas pessoas estão plenamente sob o poder disso. De qualquer forma, é importante observar a consideração.

P: Acho que não entendi direito a ideia sobre a identificação. Significa que as coisas nos controlam e que não somos nós que controlamos as coisas?

O: A identificação é uma coisa muito difícil de descrever, porque as definições não são possíveis. Tal como somos, nunca estamos livres da identificação. Se nós acreditamos que não nos identificamos com algo, estamos identificados com a ideia de que não estamos identificados. Mas não se pode descrever a identificação em termos lógicos. Você tem que encontrar um momento de identificação, pegá-lo, e então comparar as coisas com aquele momento. A identificação está em toda parte, em cada momento da vida cotidiana. Quando você começa a auto-observação, algumas formas de identificação já se tornam impossíveis. É por isso que seus amigos vão achar você aborrecido, porque eles estão com uma coisa num momento, com outra coisa em outro. Eles irão dizer que você não está interessado em nada, que está indiferente, e assim por diante. Na vida comum quase tudo é de identificação. A origem da ideia, a origem da palavra, é muito interessante. Certamente, a ideia existe na literatura indiana e budista. Geralmente é chamada de "apego" e "não-apego". Mas você vê, eu li esses livros antes de conhecer o sistema e não entendia o que isso significava. Só quando eu ouvi a explicação do sistema muito mais tarde, comecei a ver o que isso significa. É uma característica psicológica muito importante que penetra toda a nossa vida, e nós não percebemos porque estamos dentro dela. É inútil tentar encontrar definições. Encontre alguns exemplos. Se você vê o estado de um gato diante de um coelho ou de um rato - isso é a identificação. O rato também pode estar identificado de alguma outra forma. Então encontre analogias com essa imagem em você mesmo. Apenas você deve compreender que ela está lá todos os momentos, não só em momentos excepcionais. A identificação é quase um estado permanente para nós, é a principal manifestação da falsa personalidade, e por causa dela não podemos sair da falsa personalidade. Você deve ser capaz de ver esse estado separado de você mesmo, de separá-lo de você, e isso só pode ser feito ao tentar se tornar mais consciente, ao tentar lembrar-se de si, tentando estar consciente de si mesmo. Somente quando você se torna mais consciente de si mesmo você é capaz de lutar com manifestações como a identificação, a mentira e com a própria falsa personalidade.

P: Acho que quando estou identificado é quase sempre com coisas dentro de mim.

O: Talvez você tenha razão, talvez não tenha, mas isso não importa. Você pode pensar que você se identifica com uma coisa e na verdade você está identificado com uma coisa muito diferente. Isso não importa absolutamente. É o estado de identificação que importa. No estado de identificação você não pode corretamente sentir, ver, julgar, e o objeto da identificação não é importante: o resultado é o mesmo.

P: Então qual é o caminho para superar a identificação?

O: Isso é outra coisa. É diferente em casos diferentes. Primeiro é preciso ver, então é necessário colocar alguma coisa contra ela.

P: O que você quer dizer com "colocar alguma coisa contra ela?".

O: Apenas volte a sua atenção para algo mais importante. É necessário aprender a distinguir o importante do menos importante, e se você voltar sua atenção para coisas mais importantes, você se torna menos identificado com coisas sem importância. Você deve perceber que a identificação nunca pode ajudá-lo. Ela só torna as coisas mais confusas e mais difíceis. Se você perceber até mesmo isso, isso por si só pode ajudar em alguns casos. Mas as pessoas pensam que estar identificadas as ajuda, elas não vêem que isso só torna tudo mais difícil.

É exatamente esse nosso pensamento comum. Nós pensamos que a identificação é necessária quando na verdade ela só estraga as coisas. Ela não é uma coisa que tenha energia útil de maneira nenhuma, apenas energia destrutiva.

P: A identificação é principalmente uma emoção?

O: Ela tem sempre um elemento emocional, uma espécie de distúrbio emocional, mas às vezes torna-se um hábito, portanto nem mesmo notamos a emoção.

P: Existe um estado entre a lembrança de si e identificação?

O: São lados diferentes da mesma coisa. Não lembrar de si é identificação. Se a pessoa não está identificada ela deve lembrar-se em certa medida, talvez até mesmo sem saber. Há muitos graus diferentes.

P: Existe alguma maneira em que eu poderia ser ajudado a querer trabalhar? "Querer mais" aumentaria meu poder para trabalhar. Ou mesmo isso não é suficiente?

O: Mas quem faria isso, se apenas um "eu" está interessado e os outros "eus" não estão interessados? Você diz "eu" como se você fosse algo diferente, separado, desses "eus". Um "eu" pode decidir, mas um outro "eu" vai acordar e não vai saber disso. Essa é a situação e você deve tentar fazer tudo o que puder, não sonhe com coisas que você não pode fazer. Ninguém pode ajudá-lo a querer trabalhar, você mesmo deve querer, e você deve fazer o que puder. Desta forma o seu desejo vai aumentar, mas se você não fizer o que você pode você irá perder até isso e trabalhará cada vez menos. Se você fizer o que você pode, você vai querer mais e mais. Como podemos aumentar esse poder de trabalhar? Apenas trabalhando, não há outra maneira. Se você aprende a fazer pequenos esforços isso dará resultados pequenos, se você fizer esforços maiores você vai obter maiores resultados. É necessário colocar mais energia nas coisas, quero dizer no seu auto-estudo, auto-observação, na lembrança de si e tudo isso. E para colocar mais energia, é necessário descobrir para onde a energia está indo. Você acorda todas as manhãs com uma certa quantidade de energia. Ela pode ser gasta de muitas maneiras diferentes. Uma certa quantidade é necessária para a lembrança de si, o estudo do sistema e assim por diante. Mas se você gastar essa energia em outras coisas, não sobra nada para isso. Este é um ponto importante. Tente calcular todas as manhãs quanta energia você pretende colocar no trabalho, em comparação com outras coisas. Mesmo em relação ao tempo, por exemplo, você vai ver que você dá muito pouco tempo para o trabalho sobre si, se é que você dá algum, e todo o tempo para outras coisas completamente inúteis, bom se fosse para coisas agradáveis, mas na maioria dos casos não são nem mesmo agradáveis. E como resultado dessa falta de cálculo, dessa falta de estatísticas elementares, nem mesmo entendemos o porquê, com todas as nossas melhores intenções, as nossas melhores decisões, no fim não fazemos nada. Mas como podemos fazer algo se não damos nenhuma energia, nenhum tempo para isso? Você deve dar uma certa quantidade de tempo e uma certa quantidade de energia, então muito em breve você verá os resultados. Em cada tipo de trabalho ou de estudo há um certo padrão, você dando a energia suficiente ou não. Pode ser que você dê um pouco de energia, mas não o suficiente. Se você dá uma certa quantidade de energia e não for o suficiente, você nunca terá nenhum resultado. Você vai simplesmente dar voltas e mais voltas e vai estar aproximadamente no mesmo lugar.

P: É possível criar uma reserva de energia?

O: É absolutamente necessário. Todo o futuro depende dessa reserva. Mas você não pode começar a pensar sobre o armazenamento de energia antes de você aprender a parar os vazamentos. E não existe a questão de não ser capaz de evitar os vazamentos. Gastamos nossa energia de maneira errada, na identificação e nas emoções negativas. Toda consideração, mentira, conversa fiada, expressão das emoções negativas, essas são as torneiras abertas por onde nossa energia se esgota. Pare esses vazamentos e, em seguida, é possível armazenar energia.

Quando tentamos manter todas estas coisas em mente e observar a nós mesmos, chegamos à conclusão muito clara que, no estado de consciência em que estamos, com toda essa identificação, consideração, emoções negativas e ausência de lembrança de si, estamos realmente dormindo. Apenas imaginamos que estamos despertos. Assim, quando tentamos nos lembrar de nós isso significa somente uma coisa: nós tentamos acordar. E de fato acordamos por um segundo, mas depois adormecemos novamente. Esse é o nosso estado de ser, então realmente estamos dormindo. Podemos acordar apenas se corrigirmos muitas coisas na máquina (nosso organismo) e se trabalharmos muito persistente sobre essa ideia do despertar, e por um longo tempo.

P. D. Ouspensky

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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As Emoções Negativas - P. D. Ouspensky

Não Há Uma Única Emoção Negativa Que Seja Útil

Sr. Ouspensky: Quero lembrá-los especialmente sobre a ideia das emoções negativas e do estado de emoção negativa. Realmente é o segundo ponto mais importante no sistema. O primeiro ponto importante refere-se à consciência. E o segundo ponto importante é sobre as emoções negativas.

Se vocês se lembram do que foi dito no início sobre a consciência e a ausência de consciência, vocês todos devem ter percebido uma coisa ao observar as funções (corpo, mente e emoções). Vocês devem ter percebido que, normalmente, em tudo o que fazemos, em tudo o que pensamos e que sentimos, não nos lembramos de nós mesmos. Não nos damos conta de que estamos presentes, de que estamos conscientes, de que estamos aqui. Mas ao mesmo tempo, vocês já devem saber e entender que, se fizermos esforços suficientes por um período suficientemente longo, podemos aumentar a nossa capacidade para a lembrança de si. Começamos a lembrar de nós mesmos com mais frequência, começamos a lembrar de nós mesmos mais profundamente, começamos a lembrar de nós mesmos em conexão com mais ideias - com a ideia da consciência, a ideia de trabalho, a ideia dos centros, a ideia do auto-estudo, a ideia das escolas. Mas a questão é - como lembrar de si mesmo, como tornarmos-nos mais cientes. Então, se você voltar à ideia das emoções negativas, vai descobrir que esse é o principal fator que nos faz não lembrar de nós mesmos. Então uma coisa não pode ir sem a outra. Você não pode lutar contra as emoções negativas sem lembrar mais de si mesmo, e você não pode lembrar-se mais sem lutar com as emoções negativas. Se lembrar dessas duas coisas, você vai entender tudo melhor. Portanto, tente manter essas duas ideias, que estão ligadas, em mente.

Agora, a respeito de como lutar contra as emoções negativas, primeiro de tudo, é necessário perceber que não há uma única emoção negativa que seja útil, útil em qualquer sentido. As emoções negativas são todas igualmente ruins. Lute contra elas, elas podem ser conquistadas e destruídas, pois não há nenhum centro real para elas. Se houvesse um centro verdadeiro para elas, então não haveria nenhuma chance, teríamos que ficar para sempre no poder das emoções negativas. Mas felizmente para nós, não há nenhum centro real. É um centro artificial que funciona, e esse centro artificial pode ser destruído e sumir. E nós vamos nos sentir muito melhor se isso acontecer. Mesmo a compreensão de que isso é possível já é muito; mas temos tantas convicções, preconceitos e até mesmo princípios a respeito delas, que é muito difícil se livrar da ideia de que as emoções negativas são necessárias e obrigatórias. Enquanto nós pensarmos que elas são necessárias, inevitáveis, e até mesmo úteis para a auto-expressão ou muitas outras coisas - não podemos fazer nada. É necessário ter uma certa luta mental para perceber que elas são completamente inúteis, que não têm qualquer função útil em nossas vidas e, ainda, ao mesmo tempo que toda a vida está baseada em emoções negativas. Isso é o que ninguém percebe.

Pergunta: Mas me parece que há circunstâncias que simplesmente induzem-nos a ter emoções negativas.

Sr. O.: Essa é uma das nossas ilusões mais fortes, quando pensamos que as emoções negativas são produzidas pelas circunstâncias. Todas as emoções negativas estão em nós, dentro de nós... Sempre pensamos que nossas emoções negativas são produzidas ou por culpa das outras pessoas ou por culpa das circunstâncias. Nós sempre pensamos assim. Essa é a nossa principal ilusão. Nossas emoções negativas estão em nós mesmos e são produzidas por nós mesmos. Não há absolutamente nenhuma razão inevitável pela qual a ação de alguém ou de determinada circunstância, deveria produzir emoção negativa em mim. É apenas a minha fraqueza.

P: Então, se o seu melhor amigo morre, você deve ficar otimista?

Sr. O.: A morte de um amigo ou algum tipo de aflição é sofrimento, não é emoção negativa. Pode produzir emoção negativa apenas se você identificar-se com ele. O sofrimento pode ser real; emoção negativa não é real. E, afinal, o sofrimento ocupa uma parte muito pequena da nossa vida, mas as emoções negativas ocupam uma grande parte, ocupam toda a nossa vida. E porquê? Porque nós as justificamos. Achamos que elas são produzidas por alguma causa externa. Quando sabemos que elas não podem ser produzidas por causas externas, a maioria delas desaparece. Mas esta é a primeira condição: precisamos perceber que elas não podem ser produzidas por causas externas, se não queremos tê-las. Elas geralmente estão lá porque permitimos, explicamos-as através de causas externas, e dessa forma não lutamos com elas. Esse é o ponto importante.

P: Há alguma razão pela qual estamos tão preocupados em manter as emoções negativas?

Sr. O.: O hábito. Estamos habituados a elas, e não podemos dormir sem elas. O que muitas pessoas fariam sem as emoções negativas?

P: Nós tornamos as emoções negativas muito piores através da imaginação?

Sr. O.: Elas não podem existir sem imaginação. Apenas sofrer uma dor não é uma emoção negativa, mas quando a imaginação e a identificação entram, então se torna emoção negativa. Dor emocional, assim como a dor física, não é emoção negativa por si só, mas quando você começa a criar todo tipo de adorno em cima dela, ela se torna emoção negativa.

P: Para lutar contra as emoções negativas temos que observar mais e trabalhar contra a forte identificação com a emoção?

Sr. O.: Sim. Mais tarde vamos falar sobre os métodos para lutar com as emoções, pois existem muitos, métodos muito definidos, diferentes para diferentes emoções, mas primeiro você deve lutar com a imaginação negativa e a identificação. Isso é perfeitamente suficiente para destruir muitas das emoções negativas usuais - em todo caso, torná-las mais leves. Você deve começar com isso, porque só é possível começar a usar métodos mais fortes contra as emoções negativas quando você puder lutar com a identificação até um certo ponto, e quando você já tiver parado a imaginação negativa. Isso deve ser interrompido totalmente. É inútil o estudo de outros métodos antes que isso seja feito. A imaginação negativa você pode parar, e mesmo o estudo da identificação já vai diminuí-la. Mas a verdadeira luta contra as emoções negativas começa mais tarde, e ela baseia-se na compreensão correta, primeiro de tudo, de como elas são criadas, o que está por trás delas, de como elas são inúteis e o quanto você perde por causa desse prazer de ter emoções negativas. Quando você perceber o quanto você perde, então talvez você vai ter energia suficiente para fazer algo a esse respeito.

P: De acordo com o que você diz, parece-me que você está pressupondo que temos um "eu", superior aos outros, que pode fazer isso?

Sr. O.: Não superior, mas alguns "eus" intelectuais estão livres do centro emocional e podem ver as coisas de forma imparcial. Eles podem dizer: "Eu tive essa emoção negativa toda a minha vida. Recebi um centavo por isso? Não, eu só paguei, paguei e paguei. Significa que isso é inútil".

P: Quando você está no meio do processo de uma emoção negativa é possível detê-la apenas ao pensar?

Sr. O.: Não, mas você pode preparar o terreno antecipadamente. Se, por um longo tempo, você puder criar uma atitude correta, após algum tempo ela irá ajudá-lo a parar a emoção negativa no início. Quando você está no meio dela, você não pode pará-la.

P: Mas certamente há momentos onde nossos próprios sentimentos podem não ser negativos, e ainda, por alguma razão perfeitamente justa, ficamos indignados ou irritados...

Sr. O.: Não existem razões justas. De uma vez por todas é preciso entender que não existem motivos justos para ficar com raiva. E a raiva não está nas razões, está em você. As emoções negativas não estão nas razões externas, elas estão em você. Quando você entender isso, você começará a pensar sobre isso corretamente. Enquanto achar que existem razões externas, significa que você não começou ainda.

P: Por que sentimos as emoções negativas com mais força e mais frequentemente na companhia de algumas pessoas do que com outras?

Sr. O.: As pessoas que estão cheias de emoções negativas e de identificação produzem reações similares em outras pessoas. É preciso aprender a isolar a si mesmo nesses casos, por meio da lembrança de si e da não identificação. Isolamento não significa indiferença.

P: As emoções negativas estão sempre conectadas com a identificação de alguma maneira?

Sr. O.: Sempre. As emoções negativas não podem existir sem a identificação e a imaginação negativa. Essas duas coisas são a base psicológica das emoções negativas. A base mecânica é o trabalho errado dos centros.

P: Algumas vezes consigo não expressar uma emoção negativa, para começar, mas ela fica tentando sair.

Sr. O.: Isso significa que você só parou a manifestação externa e que você deve tentar parar a causa dela. Não me refiro à emoção em si, mas a causa da expressão. Há uma diferença. A emoção é uma coisa, a expressão é outra. Tente encontrar a diferença.

P: Onde é que a expressão das emoções negativas começa? Muitas vezes, a emoção persiste apesar dos esforços para excluir a imaginação e a identificação, por exemplo, com a decepção. Isso deveria parar, se fizermos as observações e os esforços corretos para superar a imaginação e a identificação, ou ela pode persistir apesar de tudo isso? Se persistir, isso significa que ainda estamos expressando-a?

Sr. O.: É diferente em casos diferentes. Muitas coisas estão misturadas aqui. Você deve entender que se você falar sobre não expressar emoção negativa, você deve falar apenas sobre não expressar emoção negativa. Se você falar sobre as causas ou as razões das emoções, então você deve falar apenas disso e não dizer nada sobre a não expressão. Apenas uma coisa de cada vez.

P: Se eu consigo frear a expressão de uma emoção negativa, isso resulta numa irritação extrema e uma vulnerabilidade subsequente em relação a todas as coisas externas.

Sr. O.: Certamente, se você mantiver a expressão calada você sente irritado. Isso significa que você se identifica. Você tenta manter a identificação e destruir a expressão. Você deve começar destruindo a identificação.

P: É possível que os esforços para controlar a emoção negativa nos deixem cansados?

Sr. O.: Não. Tais esforços nos dão muito mais energia, eles não podem cansar. Você pode ficar cansado, se você apenas reprimir a expressão. Mas eu nunca disse para suprimir. Eu disse, "Não expresse; encontre razões para não expressar. A repressão jamais pode ajudar, porque mais cedo ou mais tarde a emoção negativa vai saltar para fora. É uma questão de encontrar razões, pensar de maneira correta".

P: Uma mudança de atitude?

Sr. O.: Isso mesmo. Pois a expressão da emoção está sempre baseada em algum tipo de pensamento errado.

P: Gostaria de obter mais ajuda em relação à luta contra as emoções negativas.

Sr. O.: Isso deve ser o seu próprio esforço, e antes de tudo você deve classificar suas emoções negativas. Você deve descobrir quais são as principais emoções negativas que você tem; por que elas vêm, o que as traz, e assim por diante. É preciso compreender que seu único controle sobre emoções é pela mente, mas não é de imediato. Se você pensa corretamente por seis meses, então isso irá afetar as emoções negativas, pois elas estão baseadas em pensamento errado. Se você começar a pensar corretamente hoje, isso não vai alterar as emoções negativas amanhã. Mas as emoções negativas em Janeiro podem ser alteradas se você começar a pensar corretamente agora.

P: Quando penso sobre as emoções negativas, compreendo muito claramente que elas estão em nós mesmos e, no entanto, logo depois, eu ainda continuo a ficar negativo e continuo a expressar emoções negativas. Isso ocorre simplesmente porque eu não sou um (não tenho um "eu" permanente?).

Sr. O.: Primeiro, porque você não é um, e segundo, porque você não tenta do jeito certo. É uma questão de um longo trabalho, como eu disse, e isso não pode ser alterado de uma vez. Se uma pessoa tem emoções negativas constantes, emoções negativas recorrentes do mesmo tipo, ela sempre cai no mesmo ponto. Se observasse melhor a si mesma a pessoa saberia que isso ia acontecer, ou que teria vindo, e se tivesse pensado corretamente de antemão, teria alguma resistência. Mas se a pessoa não tem uma atitude correta, se não pensar corretamente, então fica impotente, e a emoção negativa acontece de novo, no mesmo tempo, da mesma forma e assim por diante... A primeira coisa que é preciso fazer é aprender a não expressá-la, porque, quando expressamos uma emoção negativa, estamos em poder dela. Não podemos fazer nada naquele momento. Primeiro de tudo devemos aprender a não expressar a emoção negativa. Quando aprendemos isso, então, podemos tentar não se identificar, tentar criar uma atitude correta, e lembrar-se de si mesmo.

Sobre essa questão das emoções negativas, quero que você entenda que parar de expressar as emoções negativas e a luta com as emoções negativas são duas práticas bem diferentes. Tentar impedir a expressão das emoções negativas vem primeiro. Você não pode fazer nada a respeito das emoções negativas até que tenha aprendido a parar a expressão delas. Quando você tiver adquirido um certo controle na não-expressão de emoções negativas, então você pode estudar as emoções negativas propriamente ditas. Primeiro, você deve entender o quão erradas elas são, o quanto são inúteis, e então você deve compreender que elas não podem existir sem a identificação. Quando você percebeu isso, você deve tentar (Eu não disse que você pode fazer isso de uma vez, levará um longo tempo, mas você deve tentar) dividi-las em três categorias. Primeiro, as emoções negativas mais ou menos comuns, do dia a dia, que acontecem muitas vezes e estão sempre relacionadas com a identificação. Certamente, você deve observá-las e você já deve ter um certo controle sobre a expressão delas. Então você deve começar a lidar com elas, tentando não se identificar, evitando a identificação tão frequentemente quanto você puder, não só em relação a essas emoções, mas em relação a tudo. Se você criar em si a capacidade de não se identificar, isso irá afetar essas emoções e você vai notar como elas desaparecem. A segunda categoria não aparece todos os dias. Elas são as mais difíceis, são emoções mais complicadas que dependem de algum processo mental - desconfiança, sentimentos feridos e muitas coisas desse tipo. Elas são mais difíceis de conquistar. Você pode lidar com elas, criando uma atitude mental correta, através do pensamento - não no momento em que você está na emoção negativa, mas no intervalo entre uma e outra, quando você está quieto. Tente encontrar a atitude correta, o ponto de vista certo, e torne-o permanente. Se você criar o pensar correto, isso irá levar embora todo o poder dessas emoções negativas.

Depois, há a terceira categoria, muito mais intensa, muito mais difícil, e muito rara. Contra elas, você não pode fazer nada. Esses dois métodos - lutar com a identificação e criar atitudes, não ajudam. Quando tais emoções vêm você pode fazer apenas uma coisa: você deve tentar lembrar-se de si - lembrar de si com a ajuda da emoção. Isso irá alterá-las depois de algum tempo. Mas para isso você tem que estar preparado, é uma coisa muito especial.

Esses são os métodos de lidar com as emoções negativas. Como mesmo as emoções negativas podem ser diferentes, você não pode usar os mesmos métodos contra todas elas. Em todos os casos você deve estar preparado. Como eu disse no início, será difícil vencê-las ou lutar com elas, mas você vai aprender com o tempo. Somente, nunca misture isso com a expressão de emoções negativas. Isso vem em primeiro lugar. É dado quase na primeira conferência, e antes que você possa fazer qualquer outra coisa, você deve aprender a controlar a manifestação da emoção negativa. Enquanto você não puder parar a expressão, isso significa que você não pode fazer nada sobre as próprias emoções. Mas se você aprender a controlar a expressão, então você pode começar. Mas lembre-se você não pode fazer nada quando você está no meio de uma emoção negativa, você só pode fazer algo relativo a isso antes e depois.

P. D. Ouspensky

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com






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O Que é Psicologia? (resumo) - P. D. Ouspensky




A Psicologia Existiu Com o Nome de Filosofia

Vou falar do estudo da psicologia, mas devo preveni-los de que a psicologia a que me refiro é muito diferente do que possam conhecer por esse nome. Antes de tudo, devo dizer que nunca, no curso da história, a psicologia se encontrou em nível tão baixo. Perdeu todo contato com sua origem e todo o seu sentido, a tal ponto que hoje é difícil definir o termo "psicologia", isto é, precisar o que é a psicologia e o que ela estuda. E isto, apesar de, no curso da história, jamais se ter visto tantas teorias psicológicas nem tantos livros sobre psicologia.

A psicologia é, às vezes, chamada uma ciência nova. Nada mais falso. Ela é, talvez, a ciência mais antiga; infelizmente, em seus aspectos essenciais, é uma ciência esquecida. Como definir a psicologia? Para compreender isso, é preciso dar-se conta de que, exceto nos tempos modernos, a psicologia jamais existiu com seu próprio nome. Por vários motivos, sempre foi suspeita de apresentar tendências falsas e subversivas, de caráter religioso, político ou moral, e sempre teve que se ocultar sob diferentes disfarces.

Durante milênios, a psicologia existiu com o nome de filosofia. Na Índia, todas as formas de Ioga, que são essencialmente psicologia, são descritas como um dos seis sistemas de filosofia. Os ensinamentos sufis, que são, antes de tudo, de ordem psicológica, são considerados em parte religiosos, em parte metafísicos. Na Europa, até pouco tempo atrás, nos últimos anos do século XIX, muitas obras de psicologia eram citadas como obras de "filosofia". E embora quase todas as subdivisões da filosofia, tais como a lógica, a teoria do conhecimento, a ética e a estética, refiram-se ao trabalho do pensamento humano ou ao dos sentidos, considerava-se a psicologia inferior à filosofia e relacionada somente com os aspectos mais baixos ou mais triviais da natureza humana. Ao mesmo tempo em que subsistia com o nome de filosofia, a psicologia permaneceu por mais tempo ainda associada a uma ou outra religião. Isso não significa que religião e psicologia jamais tenham sido uma única e mesma coisa, nem que a relação entre religião e psicologia tenha sido sempre reconhecida. Mas não há dúvida de que quase todas as religiões conhecidas - evidentemente não falo das pseudo-religiões modernas - desenvolveram esta ou aquela espécie de ensinamento psicológico, acompanhado, muitas vezes, de certa prática, de modo que frequentemente o estudo da religião comportava, já por si mesmo, o da psicologia.

Na literatura religiosa mais ortodoxa de diferentes países e diversas épocas encontram-se excelentes obras sobre psicologia. Por exemplo, esta compilação de autores que datam dos primeiros tempos do cristianismo e que se conhece pelo título geral de Philokalia, livros que ainda hoje estão em uso na igreja oriental, onde são reservados principalmente para a instrução dos monges.

No tempo em que a psicologia estava ligada à filosofia e à religião, ela existia também sob a forma de Arte. Poesia, Tragédia, Escultura, Dança, a própria Arquitetura, eram meios de transmissão do conhecimento psicológico. Certas catedrais góticas, por exemplo, eram essencialmente tratados de psicologia.

Na antiguidade, antes que a filosofia, a religião e a arte adotassem as formas independentes sob as quais as conhecemos hoje, a psicologia encontrava sua expressão nos Mistérios, tais como os do Egito e da Grécia antiga. Mais tarde, desaparecidos os Mistérios, a psicologia sobreviveu a eles sob a forma de ensinamentos simbólicos, que ora se encontravam ligados à religião da época, ora não, tais como a Astrologia, a Alquimia, a Magia e, entre os mais modernos, a Maçonaria, o Ocultismo e a Teosofia. Aqui é indispensável observar que todos os sistemas e doutrinas psicológicos, tanto os que existiram ou existem abertamente, como aqueles que permaneceram ocultos ou disfarçados, podem dividir-se em duas categorias principais:

Primeira: as doutrinas que estudam o homem tal como o encontram ou tal como o supõem ou imaginam. A "psicologia científica" moderna, ou o que se conhece por esse nome, pertence a essa categoria. Segunda: as doutrinas que estudam o homem não do ponto de vista do que ele é ou parece ser, mas do ponto de vista do que ele pode chegar a ser, ou seja, do ponto de vista de sua evolução possível. Estas últimas são, na realidade, as doutrinas originais ou, em todo caso, as mais antigas e as únicas que podem fazer compreender a origem esquecida da psicologia e sua significação.

Quando tivermos reconhecido como é importante, no estudo do homem, o ponto de vista de sua evolução possível, nós compreenderemos que a primeira resposta à pergunta: o que é psicologia? Deveria ser: psicologia é o estudo dos princípios, leis e fatos relativos à evolução possível do homem. Nestas conferências, colocar-me-ei exclusivamente em tal ponto de vista. Nossa primeira pergunta será: o que significa a evolução do homem? E a segunda: ela exige condições especiais?

Devo dizer, antes de tudo, que não poderíamos aceitar as concepções modernas sobre a origem do homem e sua evolução passada. Devemos dar-nos conta de que nada sabemos sobre essa origem e de que carecemos de qualquer prova de uma evolução física ou mental do homem. Muito ao contrário, se tomarmos a humanidade histórica, isto é, a dos dez ou quinze mil últimos anos, podemos encontrar sinais inconfundíveis de um tipo superior de humanidade, cuja presença pode ser demonstrada por múltiplos testemunhos e monumentos da antiguidade, os quais os homens atuais seriam incapazes de recriar ou imitar. Quanto ao "homem pré-histórico" ou a essas criaturas de aspecto semelhante ao homem e, todavia, tão diferentes dele, cujos ossos se encontram, às vezes, em depósitos do período glacial ou pré-glacial, podemos aceitar a ideia muito plausível de que essas ossadas pertenciam a um ser bem distinto do homem, desaparecido há muito tempo. Ao negar a evolução passada do homem, devemos recusar-lhe toda possibilidade de uma evolução mecânica futura, isto é, de uma evolução que se operaria por si só, segundo as leis da hereditariedade e da seleção, sem esforços conscientes por parte do homem e sem que este tenha compreendido sequer a possibilidade de sua evolução.

Nossa ideia fundamental é a de que o homem, tal qual o conhecemos, não é um ser acabado. A natureza o desenvolve até certo ponto e logo o abandona, deixando-o prosseguir em seu desenvolvimento por seus próprios esforços e sua própria iniciativa, ou viver e morrer tal como nasceu, ou, ainda, degenerar e perder a capacidade de desenvolvimento.

P. D. Ouspensky

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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Substância Única - P. D. Ouspensky

As Mesmas Leis Que Governam a Vida do Universo, Agem Em Nós

Toda a matéria do mundo que nos rodeia, o alimento que comemos, a água que bebemos, o ar que respiramos, as pedras de que são construídas as nossas casas, nossos próprios corpos - cada coisa é atravessada por todas as matérias que existem no universo.

Não é necessário estudar cientificamente o Sol para descobrir a matéria do mundo solar, essa matéria existe em nós mesmos, é o resultado da divisão de nossos átomos, do mesmo modo temos em nós mesmos as matérias de todos os mundos. O homem é no sentido pleno dessa palavra, um universo em miniatura.

Todas as matérias de que é constituído o Universo estão no homem. As mesmas forças, as mesmas leis que governam a vida do universo, agem nele. É por isso que ao estudarmos o homem, podemos estudar o universo inteiro, exatamente do mesmo modo que, estudando o mundo, podemos estudar o homem.

P. D. Ouspensky

Fonte: http://ricardo-yoga.blogspot.com/

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P. D. Ouspensky (Filósofo e Psicólogo Russo)




Auto-Observação

Clique nos títulos abaixo para ler os artigos completos:

Lembrança de Si

Para mim, pessoalmente, no início, a ideia mais interessante foi aquela da lembrança de si. Eu simplesmente não podia compreender como as pessoas puderam perder uma coisa dessas. Toda filosofia e psicologia Européia simplesmente perderam este ponto. Existem vestígios disso nos antigos ensinamentos, mas eles estão tão bem disfarçados e colocados entre as coisas menos importantes que você não pode ver a importância da ideia. Quando tentamos manter todas essas coisas em mente e observarmos a nós mesmos, chegamos à conclusão muita definida de que no estado de consciência em que estamos, com toda essa identificação, consideração, emoções negativas e ausência de lembrança de si, nós estamos realmente adormecidos. Nós só imaginamos que estamos acordados. Por isso, quando tentamos lembrar de nós, isso significa somente uma coisa, nós tentamos acordar...

A Compreensão da Lembrança de Si

Você pode chegar à compreensão da lembrança de si (self-remembering) de muitas maneiras diferentes. Por exemplo, quando ouvi pela primeira vez sobre ela, lembro que foi muito estranho. A ideia impactou-me como sendo uma ideia enorme. Eu estava estudando psicologia durante muitos anos e percebi que em toda a psicologia que eu tinha estudado, essa ideia não era conhecida. Abismou-me o quanto pensamos erradamente e que tínhamos perdido a maior verdade, o fato de que não nos lembramos de nós e de que poderíamos nos lembrar é o maior fato em toda a psicologia - a possibilidade da consciência é uma tremenda ideia...

Orai e Vigiai

Pergunta: Cristo alguma vez falou sobre a lembrança de si - com quais palavras?

Ouspensky: Em cada página. Palavras diferentes. Por exemplo, "Não durmas", "Vigiai" - todo o tempo...

O Estado de Identificação

Quando começamos a observar particularmente as emoções, a observar realmente todas as outras funções também, descobrimos que todas as nossas funções são acompanhadas por uma certa atitude; nós ficamos muito absorvidos nas coisas, muito perdidos nas coisas, especialmente quando o menor elemento emocional aparece. Isso é chamado de identificação. Nós nos identificamos com as coisas. Não é uma palavra muito boa, mas em Inglês não há nenhuma melhor. A ideia da identificação existe nos escritos indianos e os budistas falam de apego e desapego. Essas palavras parecem-me ainda menos satisfatórias...

Volte a sua atenção para algo mais importante. É necessário aprender a distinguir o importante do menos importante, e se você voltar sua atenção para coisas mais importantes, você se torna menos identificado com coisas sem importância...

As Emoções Negativas

Se vocês se lembram do que foi dito no início sobre a consciência e a ausência de consciência, vocês todos devem ter percebido uma coisa ao observar as funções (corpo, mente e emoções). Vocês devem ter percebido que, normalmente, em tudo o que fazemos, em tudo o que pensamos e que sentimos, não nos lembramos de nós mesmos. Não nos damos conta de que estamos presentes, de que estamos conscientes, de que estamos aqui. Mas ao mesmo tempo, vocês já devem saber e entender que, se fizermos esforços suficientes por um período suficientemente longo, podemos aumentar a nossa capacidade para a lembrança de si. Começamos a lembrar de nós mesmos com mais frequência, começamos a lembrar de nós mesmos mais profundamente...

O Que é Psicologia?

Durante milênios, a psicologia existiu com o nome de filosofia. Na Índia, todas as formas de Ioga, que são essencialmente psicologia, são descritas como um dos seis sistemas de filosofia. Os ensinamentos sufis, que são, antes de tudo, de ordem psicológica, são considerados em parte religiosos, em parte metafísicos. Na Europa, até pouco tempo atrás, nos últimos anos do século XIX, muitas obras de psicologia eram citadas como obras de "filosofia". E embora quase todas as subdivisões da filosofia, tais como a lógica, a teoria do conhecimento, a ética e a estética, refiram-se ao trabalho do pensamento humano ou ao dos sentidos, considerava-se a psicologia inferior à filosofia e relacionada somente com os aspectos mais baixos ou mais triviais da natureza humana. Ao mesmo tempo em que subsistia com o nome de filosofia, a psicologia permaneceu por mais tempo ainda associada a uma ou outra religião...

Substância Única

Não é necessário estudar cientificamente o Sol para descobrir a matéria do mundo solar, essa matéria existe em nós mesmos, é o resultado da divisão de nossos átomos, do mesmo modo temos em nós mesmos as matérias de todos os mundos. O homem é no sentido pleno dessa palavra, um universo em miniatura...










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